Últimas férias sem filhos

10 de janeiro do ano de 2011...
É, faz muito tempo que não escrevo.
Minhas inspirações sempre se manifestam em momentos nada oportunos, como por exemplo, no meio da madrugada. Sei que há tempos atrás disse que seria só me levantar, pegar um papel, uma caneta e deixar fluir, mas não é bem assim.
Tenho supervalorizado minhas horas de sono!
Temo pelo dia em que não mais as terei com tanta tranqüilidade, sem ser interrompida por grunhidos e choros de um bebê faminto. Decidi trazer um tema bem atual para recomeçar minhas epifanias, a maternidade. Sempre quis ser mãe, esse era meu maior sonho. Costumava dizer que poderia deixar de viajar, conhecer o mundo, fazer milhões de coisas que muitas meninas na minha idade ainda almejam, mas que não deixaria esse mundo sem passar por essa experiência. Sempre acreditei que trazer ao mundo uma nova vida fosse mágico, e não deixa de ser, mas não no sentido literal da palavra. Não há magia, Deus já fez tudo! O corpo humano foi minuciosamente preparado para que uma vida pudesse ser gerada e formada até o ponto necessário para que essa pudesse vir ao mundo. A magia não está apenas no momento da gestação, está na criação. Educar! Ensinar a falar, comer, andar... É um trabalho que merece reconhecimento ao longo dos anos, porque na verdade, ele nunca chega ao fim. Muitas coisas aconteceram nesse tempo em que estive ausente, senti falta desse meio de comunicação com o mundo externo. Por muitas vezes o que mais precisava era escrever e assim desabafar, mas não tive coragem. Tive medo, faltou coragem pra enfrentar e até de certa maneira me expor. Tive medo dos julgamentos. Percebi o quanto a vida é imprevisível e que temos que estar sempre preparados para tudo, percebi que nos esquecemos de estabelecer uma data precisa para os nossos sonhos se tornarem realidade e por isso, não temos o direito de questionar quando acontecem. Descobri que é preciso acreditar que as coisas aconteçam por uma razão, sendo essas boas ou ruins e que estão aqui para nos transformar. Eu quero me transformar!
Quero ser aquilo que todas as noites ao me deitar, penso e desejo de todo o meu coração. Quero ser útil, necessária, indispensável na vida de alguém. Na vida de um pequeno ser indefeso que trouxe ao mundo! Dia 22 de setembro de 2010, um dia após completar 23 anos, meu sonho se tornou realidade sem que eu pudesse fazer mais nada para adiá-lo. Foi difícil aceitar, me acostumar com a idéia de tê-lo assim, tão de repente, sem ter planejado nada, no meio da minha graduação. Como disse, temos que estar preparados pra tudo. Sei que pode parecer irresponsabilidade da minha parte, mas tenho minha consciência tranqüila que de tudo fiz para evitar e impedir, quando já havia acontecido, não cabia mais a mim. Decidi enfrentar todas as conseqüências e julgamentos e aceitar essa benção, a minha benção, o meu sonho e meu presente. Pensei no que poderiam pensar e falar sobre a situação, pensei também que muitas meninas cometem atos repugnantes e não passam por isso, pois a sociedade não tem conhecimento. Eu trago ao conhecimento de todos o meu orgulho, por assumir, sustentar e fazer jus a essa honra.
Hoje estou aqui, curtindo minhas últimas férias sem filhos, aos 23 anos!
Tenho a melhor família do mundo e o melhor amigo, namorado e pai do meu filho que ganha mais amor e admiração a cada dia. Não acredito que minha idade social vá se extinguir, que meus pensamentos mudem, que eu deixe de ser quem sou; apenas ganhei uma grande responsabilidade que me fará ver a vida com outros olhos.
Não acho que seja algo ruim...
As pessoas se transformam a cada manhã, mesmo sem perceber elas crescem, se tornam maiores, melhores... Em tudo. Quero descobrir o que virá amanhã ao despertar, quero me redescobrir a cada dia.