"A súbita sensação de realização após a compreensão da essência de algo."

Minhas palavras são como um olhar acompanhado de um sorriso, são as janelas de minha casa!

Essas estarão sempre abertas para que o ar se renove e as pessoas possam espiar aquilo que permito aparecer.

Se as cores do interior lhe chamaram a atenção, entre e fique à vontade. Seja bem vindo! :)


terça-feira, 26 de outubro de 2010

Monólogo da chuva

Hoje, dia 25 de outubro do ano de 2010, por volta das 22 horas, fui surpreendida por um som característico; um barulho que amo, o barulho da chuva.
Abri um pouco as janelas do quarto, apaguei as luzes e deixei apenas o abajur.
Precisava disso. Ouvir o sermão da natureza.
Ao ouvir aquilo que não concordamos, costumamos argumentar. Hoje fiz o oposto, fiquei em silêncio. Os olhos abertos passeavam pelas paredes parando a cada detalhe, cada enfeite, foto ou quadro pendurado. Essa noite conversei comigo, com minhas faces, pai e filho juntos no mesmo cômodo. Foram muitas lágrimas e pedidos de perdão antes mesmo que qualquer pecado fosse cometido. As tomadas de decisões sempre trazem angústias, optar entre o melhor ou pior. Não temos medo das escolhas, mas do peso de uma renúncia.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ele..

Diante do que vivemos hoje não poderia apenas desejar que fosse feliz, não seria o bastante. Além do mais, transferir essa responsabilidade é algo que jamais me atreveria a fazer. Essa é também a minha história e sei bem o que mereço: Quem me faça sentir orgulho da posição que conquistei. Único e indescritível. Quero ele em cada palavra!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ficantes

Solteiros podemos tudo! Tudo é permitido, aceito, perdoável e compreensível; afinal, não somos namorados, estamos apenas ficando. Lembrando que: o verbo ficar no gerúndio representa uma ação constante, que é completamente diferente de ficar no infinitivo, tido com um fato isolado. Ficantes mantêm um relacionamento aberto tendo como base a sinceridade, são muito amigos e confiam plenamente um no outro por saber que não há razão para mentiras ou omissões na intenção de poupar; afinal, não são namorados, estão apenas ficando. Os ficantes ligam quando sentem vontade e não por obrigação. Eles também não inventam justificativas para o que não necessita e seus respectivos compreendem. Os ficantes se mostram como são, permitem que se saiba com quem está lidando, eles não poupam sofrimentos nem negações, não camuflam, não se escondem, se entregam nús. Eles não cobram pois não esperam, vivem o momento. É aquele abraço, aquele beijo e que se dane o que possa vir depois. Entre eles não há regras, padrões nem deveres. Não há o que se pode ou não fazer, há liberdade de expressão, pensamento e sentimento. Entre os ficantes há transparência. Não estou ficando e sim namorando, mas alguém se esqueceu de mudar os verbos. Estou amando ver além...

Guarda

Sempre acreditei naquela frase "clichê" de que o que é pra ser nosso ninguém tira. Que por ser muito, havia de ser retribuída à altura. Isso não significa que o que se foi vá voltar... essa é apenas uma das muitas opções que a vida nos apresenta. Falo de algo novo, mágico. Falo do próximo, do aparente imutável. Falo sobre reviver uma experiência marcante e de uma maneira extremamente positiva. Falo de encontrar alguém reencontrando aquela felicidade indescritível, o bem querer quase doentio, o amor que faz o mesmo bem. Já tive a audácia de dizer o que não sentia por não encontrar palavras que pudessem explicar. Já ousei confundir a mim mesma pensando ter vivido algo semelhante no passado. Se iludi ou enganei, peço desculpas... mas, alguém permitiu.

Amanhã

É a primeira vez que inicio um texto pelo título, essa palavra não para de ecoar em minha cabeça... mais que isso, se encontra estratégicamente posicionada em uma frase muito comum: amanhã pode ser tarde demais. Tarde pra conseguir, tarde pra reverter, tarde pra tentar. O amanhã está muito longe. O mundo gira, as pessoas dormem cansadas e acordam cedo para trabalhar; ao passar pela porta do nosso universo particular, a vida acontece. Não se pode esperar confiando na existência de um amanhã, quando se trata de algo que amamos, devemos deixar todo o resto pra depois... principalmente quando nos sentimos ameaçados, na iminência de perder algo de grande valor. Aí é que está o motivo desse texto. E se estivermos seguros o suficiente a ponto de não nos sentir ameaçados? E se ainda não soubermos o valor que determinado objeto ou pessoa tem em nossas vidas? Eis o resultado: frustração, decepção e sofrimento; não necessariamente nessa ordem. Só o que sinto a respeito é pena. Se uma pessoa não consegue ter o mínimo de compaixão ao lidar com o sentimento de outro ser humano, como espera obter carinho, compreensão e cuidado em retribuição? Como acredita que dessa forma vá ser feliz? Todas as vezes em que me sinto triste, choro e sofro em silêncio, também sinto raiva; raiva de mim. Quando as pessoas agem de maneira diferente daquela que esperamos, nos frustramos. Nesse caso, a decepção sou eu. Aquilo que vejo não é o que quero pra mim. Mereço mais! Estamos diante de uma simples questão de escolha. Optei pelo direito a ter ao meu lado quem aprecie estar em paz. Ausência de brigas, discussão ou ciúme excessivo pode ser considerado monotonia, frieza, uma vida a 2 sem aventuras. Penso que tudo isso seja consequência do alcance de um estágio de maturidade elevado. Não mais um relacionamento de crianças ou adolescentes, mas de adultos. Somente alguém que compartilhe os mesmos sonhos e objetivos de vida conseguirá vislumbrar a mesma cena. Somente outro adulto saberá unir forças para fazer com que dê certo. Uma vez escrevi que a diferença de idade assume valor meramente ilustrativo em alguns casos, como pude ser tão ingênua? Uma imagem diz muito mais que as palavras, trás implícita em si informações relevantes que precisam ser interpretadas. Esse é o problema! A paixão nos deixa bobos, incapazes de enxergar. Já começo a perceber difereças na tonalidade.... talvez já não esteja tão apaixonada.

Sociedade

Em uma de suas brilhantes falas, o personagem principal do livro "O vendedor de sonhos" de Augusto Cury, afirma que o sofrimento, as decepções e frustrações sejam privilégio dos vivos. Concordo, só não acho que precisávamos ser frequentemente lembrados disso. O coração bate, o sangue percorre o corpo, as artérias pulsam... já não é o bastante? Não. Somos seres humanos dotados de consciência e sentimento, somos subjetivos e complexos com as coisas mais simples e objetivas. Somos materialistas e gananciosos. Vivemos, apoiamos e abastacemos um sistema injusto e manipulador. Supervalorizamos o que é irrelevante e fútil e deixamos de cuidar do que de fato importa. Estou cansada de constatar o óbvio; eu não devia estar aqui.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Parceria

Alguém pode por favor explicar às pessoas que namoro e casamento no civil são coisas diferentes? rs.. Agora namorar é como ter um emprego, é preciso bater ponto todos os dias. Como vamos saber se estão nos ligando no fim da noite pra dizer que estão com saudades ou se é apenas porque namorados devem se falar todos os dias? Como vamos saber se aquele "eu te amo" foi sincero, se nos acostumamos a repetí-lo centenas de vezes sem o menor bom senso? Ah, já conheci rapazes que diziam "eu te amo", mandávam rosas, não esqueciam as datas importantes e ainda assim, não valiam a freada da cueca que vestiam. Precisamos dar significado àquilo que é real; são atitudes e não palavras que demonstram o sentimento. Temos nossas próprias vidas pra abraçar! Deixe-nos respirar e vir quando quisermos, deixe-nos primeiro sentir falta pra depois procurar. Esse conselho não se aplica ao meu caso, pois vivo uma situação diferente. Meu namoro não é um emprego, é quase isso. Posso chamá-lo de ação voluntária. Ele me ensina a esculpir dentes em cera e eu o ensino a tocar violão. É meu melhor amigo e eu sua fã; é meu dentista e eu, sua cobaia humana. Optei por saboreá-lo todas as manhãs, logo cedo, às 8:00 em ponto. É minha dose de cafeína. Depois do almoço, no lanche da tarde e pra dar aquela esquentada antes de dormir. Encontrá-lo não é mais uma obrigação do meu dia a dia, é um desejo constante. Nosso namoro não é compromisso, é parceria.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Soro anti-ofídico

Quem acompanha o Blog e me conhece, sabe que a tristeza é capaz de me trazer inspiração. Esses dias ouvi algo que me deixou... triste, essa é a palavra. Triste por nós, seres humanos. Triste por saber o quanto estamos incrédulos, secos, individualistas e até desocupados. Já não conseguimos acreditar que possa existir bondade despretenciosa, já não se pode amar e querer bem sem que questionem nossas atitudes, eles exigem reciprocidade. Escolhem o roteiro do show, aquilo que querem ver. Caso não os obedeçamos, espalham sua indignação pelos quatro cantos do mundo! E isso, obviamente, causa repercussão. Imagine em uma cidade pequena como Teresópolis... já até ouvi dizer que é uma cidade de cobras! Não, não culpemos a cidade. Pensar em Teresópolis é pensar em frio, edredons e chocolate quente, é pensar em céu azul, nuvens brancas, sol quentinho e muito verde, aquela calmaria que trás paz. Não são as pessoas daqui nem do Rio de Janeiro, são as pessoas. Somos nós. Criados para ser a imagem e semelhança de Deus, projeto esse que não deu certo. Falar é tão bom! Contar histórias, fantasiar e viajar em um mundo criado por nós... mas, aonde já se viu fazer isso com personagens já existentes, personagens vivos, capazes de agir e interagir com o ambiente? Se estivesse falando com uma criança, diria que é muito feio inventar histórias sobre a vida dos outros, mais feio ainda é saber que são os pseudo- adultos que frequentemente o fazem. Sinceramente? Sinto pena. São pessoas que usam sua inteligência e senso crítico para disseminar informações erradas, fruto de seus medos, frustrações e falta de amor. São pessoas incapazes de criar, produzir, de se fazer úteis ou importantes. Como podem pensar tão pequeno? Essas pessoas aqui estão para contar número, não significam nem representam; são dignas de muita oração! (deixo essa para os católicos praticantes.) O antídoto para o veneno está em seu próprio disseminador. Se vivemos em uma sociedade de cobras, que tenhamos nosso antídoto: consciência em paz. E deixem que digam, que pensem, que falem.... o farão de qualquer jeito, melhor então não nos preocuparmos; do contrário, estaremos vivendo a vida que escolheram para nós. Que cobrinha mais passiva!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Incondicional

Quando meu respectivo viaja ou se ausenta por algum motivo e deixo de sair, não faço por respeito, consideração ou algo do tipo; e sim por pura questão de auto preservação. Preservo minha boca, meu corpo, meus carinhos e até meu olhar. Esses não são destinados à qualquer pessoa, não de forma sincera. Então, por que me violentar dessa maneira? Apenas pra provar aos outros que não seria boba a ponto de me trancar em casa no final de semana enquanto espero que me príncipe encantado retorne de um cruzeiro universitário ou micareta? Ah, de jeito algum! Me recuso a ser marionete da sociedade. Precisávamos nos assumir sem limites e sem medo. Termos em nós um porto seguro, a nossa base forte. É minha consciência que está comigo incondicionalmente e não vou traí-la. Estou com ela do mesmo jeito.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Para sempre consequência...

Para que tenhamos a oportunidade de viver e interagir com o mundo ao nosso redor, basta estarmos aqui. Parece simples, não é? Existem pessoas que não gostam de falar sobre o passado, talvez por vergonha, medo ou rancor. Relembrar momentos faz com que se reviva situações capazes de trazer sensações bem desagradáveis. Precisamos assumir o passado, encarar os fatos, confrontar nossos medos, precisamos perdoar. Confrontando nossos medos, fazemos com que se tornem banais e logo, desimportantes. Perdoando aqueles que um dia nos fizeram sofrer, perdoamos a nós mesmos. Nos libertamos de sentimentos ruins, deixando mais espaço para os bons. Somos a causa constante do futuro e também, consequência de um passado, o nosso passado. Sem ele, simplesmente não existimos, não estivemos aqui. Querem ver? Vamos imaginar que sua vida tenha começado hoje! Assim bem simples, acordou e estava aqui. Se perguntasse seu nome, não saberia me dizer. Afinal, provavelmente esse foi escolhido por seus pais que você nem faz idéia de quem sejam. Não saberia dizer aonde estudou durante o ensino fundamental, quem éram seus amigos de infância e nem quando deu o seu primeiro beijo. Não saberia se tem família, amigos, em que trabalha... não saberia nem mesmo se é feliz. Aquilo que passamos, influencia diretamente em nossa maneira de ser, agir e enxergar as coisas. Talvez ter assistido à inúmeros episódios de adultério, nos faça achar que todos são infiéis. Os erros passados deixam lições que representarão acertos futuros. Às vezes que fui infiél, contribuíram pra que hoje valorizasse o compromisso em um relacionamento. Às vezes que me omiti e anulei em função de outra pessoa, fizeram que com que hoje soubesse priorizar a minha vontade. Não sinto vergonha ao expôr meu passado e assumir o que fui, pois tenho orgulho daquilo que me tornei. Sou a resposta de um estímulo, consequência humana. E nada, nada perfeita.

sábado, 20 de março de 2010

Miau

Essa noite não sonhei. Sempre que dormimos, sonhamos; mas nem sempre conseguimos nos lembrar. Bom, ao menos é o que dizem. Essa noite não sonhei, pois não dormi. A razão? Manifestações sonoras de intenso sofrimento e saudosismo emitidas por um felino da 3º idade. Acho fantástica nossa capacidade consciente de escolher o que ouvir. Em meio a conversas paralelas numa roda de amigos, conseguimos abafar os sons pra escutar somente uma voz. Durante uma leitura interessante, conseguimos focar a atenção e ignorar o que existe a nossa volta. Ao ter o sono interrompido pela ópera do felino, comecei a pensar nisso. Automaticamente todos os sons começaram a ser percebidos! O barulho do frigobar, o tic - tac do relógio; mesmo com seu andar suave amortecido pelas almofadinhas plantares, podia ouvir o estalar da tábua corrida enquanto transitava pela casa. Definitivamente, meus pais não podem mais dormir fora. Normalmente tenho surtos de inspiração ao perder o sono, mas a preguiça de ir buscar papel e caneta me impede de documentá-los. Esse sedentarismo se estende por toda manhã. Muitos trechos bacanas se perdem. São frases que somem e palavras que insistem em se esconder. Uma ou outra até resolve dar o ar da graça ao longo do dia, mas ai não tem mais jeito. Já foi, é deixar pra lá, esquecer. Talvez tenham sumido, pois de fato não eram importantes. Nada que devesse ser passado adiante, transmitido ou dissipado. Afinal, são apenas relatos de experiências. O felino me proporcionou o surto e o fato de ser importante fez com que vencesse um pecado capital e agora estivesse aqui, digitando esse monte de bobagens! O que me inspirou não foi o som, mas o sentimento que havia nele. Acho interessante as variações tônicas que os felinos usam pra diferenciar suas vontades, é como se pudessem falar. Pensando bem, é ótimo que continuem assim. Nada de evoluções adaptativas! Imagine se nossos cães e gatos desenvolvessem essa capacidade? Quantas situações constrangedoras e coisas bizarras seus olhinhos de butuca já não presenciaram? Seria um desastre! Acho que começo a gostar da idéia de ouvir seus miados pela madugada afora... antes eles que publicar por exemplo num Blog, meus segredos mais íntimos. ;)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Carta

(Na ausência de novos textos, recorri aos arquivados no computador.)
Essa é uma carta destinada ao Dr Cláudio Moura de Andrade Jr, ginecologista e obstetra que hoje reside no Rio de Janeiro. Há alguns anos atrás, morou com seus avós enquanto cursava a faculdade de medicina, no apartamento que moro aqui em Teresópolis. Como sei disso? Calma, já vão entender. O curioso dessa história é que não nos conhecemos, ou melhor... ele não me conhece. Ao chegar nesse apartamento, o encontrei do jeitinho que os antigos donos haviam deixado; inclusive, estava fechado há um bom tempo. Móveis, roupas, livros... tinha de tudo! Como não conhecia muita gente na cidade e sou sim uma pessoa curiosa, fiquei a investigar o passado alheio através desses objetos. Posso lhes garantir que foi uma experiência muito especial. Achei que deveria compartilhá-la com o dono de todas aquelas lembranças! O procurei no "google" e encontrei o endereço de um de seus consultórios no Rio, até hoje não sei se recebeu minha carta... se era o endereço certo, se essa de fato chegou...
Enfim, se ele não teve conhecimento... vocês terão. :)

"Há muito tempo penso em lhe escrever...
Cheguei a pensar se não estaria tomando seu tempo e até mesmo que não tivesse o menor interesse em saber quem sou e o que tenho a dizer. Desisti de tentar imaginar ou prever suas reações, pois acredito que coisas boas devam ser ditas, ainda que pra lembrá-lo o quanto é especial, caso em algum momento tenha duvidado disso. Me chamo Renata e tenho 21 anos vividos no caos urbano do Rio de Janeiro; hoje, devido às circunstâncias e graças ao destino, tenho a satisfação de morar em Teresópolis, na Tijuca, Rua Prefeito Sebastião Teixeira, mais precisamente no apartamento que fora de seus avós, e é justamente por isso que preciso lhe falar. Tive o prazer de conhecer o Sr Moacyr pessoalmente quando fomos à sua casa no Leblon assinar a escritura de compra e venda do imóvel, apesar de sentir meu coração apertar ao ver uma alma lúcida presa em um corpo debilitado pela idade, fiquei imensamente feliz por fitar seus olhinhos azuis e merecer um sorriso do autor de inúmeros bilhetes carinhosos aos netos e personagem de tantas histórias impregnadas nos objetos pessoais que foram deixados. Não sei se sabe, mas para facilitar a negociação, o imóvel nos foi vendido e entregue com tudo que estava dentro. Tenha certeza de que fizemos o possível para encaminhar os pertences de seus avós à pessoas e lugares em que seriam úteis, inclusive, a moça que cuidava do apartamento, Dona Marlene, ficou com a maioria. Como pôde notar, sou apaixonada pelas palavras, adoro livros e tenho um carinho especial por manuscritos. Acredito que sejamos capazes, ainda que inconscientemente, de transferir sentimentos para o papel, por isso não deixei que nada fosse jogado fora. Fiquei horas sentada no chão do quarto enquanto me deliciava com os pertences! Os manuseava por alguns minutos e tentava sentir ou adivinhar como seriam seus donos e por quais experiências haviam passado; perdida no meio de livros e cadernos empoeirados, entre um espirro e outro, percebi que um pequeno papel caíra de dentro de um deles; era um bilhete destinado à você; o chamava de Claudinho e pedia que retornasse a ligação de uma menina da qual o nome não me recordo. Nesse instante senti um calafrio daqueles de arrepiar! Um simples papel não é capaz de determinar o tempo, o recado parecia ser recente, como se ao passar os dedos pela tinta ainda pudesse borrá-la. Fiquei a especular quem poderia ser a tal menina... uma amiga querendo saber quando seria a próxima prova prática de anatomia ou quem sabe até uma namorada? Sem querer, já havia penetrado em sua intimidade e confesso sem o menor pudôr ter estado cada vez mais interessada. Eu e meus pais nos mudamos pra cá por questões financeiras, buscávamos melhor qualidade e menor custo de vida. A cidade nos promove segurança, clima agradável, contato com a natureza; não há dúvidas de que tenhamos feito a escolha certa. Estou amando morar aqui e tenho certeza que os donos anteriores, assim como os anos que passou cursando a faculdade, contribuem para essa sensação de bem estar! De vez em quando dou uma olhada nas suas apostilas da faculdade, devidamente separadas por período! Seu compromisso e organização me inspiram e servem de estímulo pra persistir em busca daquilo que desejo. Descobri que se especializou em ginecologia, é uma área muito interessante; principalmente se pensarmos que é à partir do sistema reprodutor feminino que são geradas pequenas vidas. Espero que esteja cada dia mais certo de sua escolha e apaixonado pelo seu trabalho. Tenho certeza que se lembra com saudades da época da FESO em que as responsabilidades não eram tantas e os problemas e preocupações eram menores. Morar no aconchego do lar de seus avós, cheio de carinhos e mimos! Os amigos que fez, as festas, as noites mal dormidas estudando, as provas, a residência, a formatura... 6 anos de luta e altas mensalidades! Dizem que o estudante de medicina vale o preço de uma vida. Suponho que já esteja casado e talvez até tenha filhos; o mesmo bem que me fez, ainda que sem a intenção, desejo à você e sua família. Parabéns pela brilhante carreira acadêmica e pelos avós corujas que o acolheram durante essa fase tão importante e especial. O apartamento está bem mudado, ganhou um ar mais moderno, mas a vista do quintal deve ser a mesma! Quando vier à cidade e quiser relembrar seus dias de universitário, fique à vontade, sabe o endereço. Caso queira recuperar seus livros e cadernos, estão todos aqui, em uso e constante movimentação! Seria um desperdício aprisionar tanto conhecimento numa gaveta acumulando pó. Bom Dr Cláudio Moura de Andrade Jr ou Claudinho, era isso que precisava que soubesse. Obrigada pela atenção e perdoe a "falsa" intimidade, deve ser consequência dos bilhetinhos de amigos em seus cadernos, acabei me sentindo próxima demais.

Um grande abraço, fique com Deus.
Renata Varela P. Gomes."

terça-feira, 9 de março de 2010

Passou

Como uma blusa surrada, uma imagem de baixa resolução. Falta nitidez, brilho, falta contraste; o antigo colorido agora se apresenta em tons de cinza. Já não são quentes nem frias, são neutras, inexpressivas, transparentes... é possível enxergar além. Pensar já não me ocupa o tempo nem me tira o sono. Lembrar, já não me aperta o coração. Ouvir aquela música já não me faz chorar e aquele cheiro, já não me trás saudade. O ponto cego já foi e os segundos que levam pra se acostumar com a claridade pós escuridão, foram bem aproveitados. Virou lembrança guardada na memória, pedaço de passado componente do meu eu, a certeza de como agir amanhã. Foi mais uma viagem no suposto mundo que criei. Mais uma de minhas ilusões utópicas ainda que por muitas vezes, parecesse real. Talvez porque tenha desejado que fosse, talvez porque tivessem desejado o contrário. Realidade por ilusão; prefiro viver aquilo que criei a não ter escolha.

sábado, 6 de março de 2010

Zona de conforto

O pensamento simplista que tanto promovo, nem sempre pode ser seguido à risca; ele é objetivo, direto, como o próprio nome diz, é simples demais. Desde quando nós, seres humanos, somos considerados criaturas simples? Somos sim, demasiadamente complexos! Não estou dizendo que devamos problematizar todas as situações que passarmos, mas também não podemos ignorar o fato de muitas vezes, estarmos lidando com o sentimento alheio. Começar, terminar, dar continuidade... aparentemente ações que dependem unicamente de algo chamado vontade. O grande lance, é que essa vontade se vê perdida em milhares de questionamentos revelando prós e contras de todo e qualquer movimento. De fato, eles existem e independente da escolha tomada, continuarão existindo. O importante é não temer arriscar, afinal... o que está em jogo é a nossa felicidade. E quando essa entra na aposta, é porque não há mais o que se perder. A questão aqui não é lutar pelo que se quer, convencer alguém de estar certa ou ser uma boa opção de escolha, é desestabilizar. Abandonar o comodismo e entrar na zona de confronto! É complicado, eu sei... mas, e o que não é? Se mantivermos o pensamento de que tudo vai dar certo, nada fará com que seja diferente. "Vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir." :)

segunda-feira, 1 de março de 2010

A perfeita oclusão

É encontrar comida quando se tem fome, água quando se tem sede. É oferecer à alguém que procura. Conhecer o homem perfeito numa sexta-feira de carnaval e descobrir que ele é mesmo muito mais que se podia imaginar. O corte de cabelo que te agrada e um sorriso de deixar qualquer futura cirurgiã dentista muito satisfeita! Um jeitinho tímido que mascara um fogo sem limites... um corpo que chama, um beijo que vicia; e os olhos... esses tem forma de gotas horizontais! São apenas gotas em uma infinidade de suposições e expectativas. São gotas de desejo a mergulhar num mar de felicidade. Preciso novamente experimentar, reviver...me encontrar no exato momento em que a pouco me perdi. Preciso estar de volta. :)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Quem sou eu

Aquela que está sempre consigo e mais, está por si.
Acredito que a peça chave de minha existência seja a auto lealdade. Ainda que em pensamentos distantes, sou livre pra imaginar o que quiser, com quem quiser, do jeito que quiser e pra sentir só preciso acreditar. Ao destacar nossas qualidades somos pedantes e ao discussar sobre nossos defeitos queremos nos autopromover, não importa! Esperar a aceitação da maioria é pura perda de tempo. Como depender de uma atitude que não a sua? de um amor que não o seu? de apoio que não sua auto confiança? Não peço que julguem uns aos outros como pessoas ruins, que desconfiem das palavras e intenções, peço que olhem pra si mesmos e reconheçam sua imperfeição. Que assumam a responsabilidade de ser e existir. Que sustentem suas opiniões e atitudes. É isso que nos falta, o egoísmo, pensar mais em si. Para os que acreditam, esperam e criam expectativas idealizadas apenas por viver em um mundo inconstante, tem como forte candidata a cadeira cativa, a frustração. Para os que participam da vida deixando-se ser levados por ela, curtindo a felicidade, aprendendo com o sofrimento, renovando sua esperança a cada porta fechada e acumulando amor a cada relação mal sucedida, correm o único e menor dos riscos: o de se surpreender!
Eu simplesmente não me canso.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A minha verdade

* Esse texto foi escrito como parte de uma carta; uma narrativa fictícia.
Já nem me lembro quanto tempo faz; não o publiquei antes, pois não havia me sentido segura o suficiente de minhas palavras como hoje. Tive um relacionamento de 5 anos, dos 16 aos 21. Questionar a importância do mesmo chega a ser uma bobagem! Sustento e assumo. Foi assim e tudo que eu mais desejo em vida é sentir tudo isso outra vez. Quem sabe. =)

--- Sabiam que nosso cérebro não é capaz de distinguir o que vemos de um pensamento?
Se olharmos para um objeto e em seguida fecharmos os olhos e imaginá-lo, as mesmas áreas do hipotálamo serão ativadas, não havendo distinção entre as imagens. Isso seria o que alguns ousariam chamar de cultura inútil, mas foram coisas desse nível que descobri enquanto estive com o Daniel. As conversas mais interessantes, as discussões mais produtivas, as viagens mais divertidas e os momentos mais incríveis! Pensaram que não falaria sobre ele em meus textos, não é? Ao menos, não diretamente. O Dani é referência naquilo que me faz bem, é como uma lembrança sagrada, está presente em tudo que faço! Me acordando no susto por ter esquecido um compromisso e estar atrasado. Me dando força nos estudos, me incentivando e dizendo que acredita que eu seja capaz, só preciso deixar de ser preguiçosa. Me colocando pra cima nas horas tristes com seu jeito brincalhão e me fazendo sentir desejada ao me olhar no espelho. Me alegrando ao longo do dia com suas tiradas criativas e desmanchando meu mau humor ao me fazer lembrar de alguma de suas frases hilárias! Me encantando com sua inteligência e senso crítico, me abraçando a noite enquanto durmo e me enchendo de beijos a cada vez que me mexo na cama. Uso a tal cultura inútil pra evocá-lo nos momentos em que mais preciso, enganando meu cérebro e assim o trazendo pra perto de mim. Agora mesmo ao fechar os olhos posso vê-lo sorrindo! Nossa... como continua lindo. Se chegar um pouco mais perto posso encarar seus olhos verdes e seguir com a ponta dos dedos o contorno de seu rosto parando a cada detalhe, a cada pintinha; se quiser posso ouví-lo cantar... sua voz de anjo me emociona só de lembrar! Às vezes, penso tanto nele durante o dia, que quando estou distraída, sozinha, no silêncio... consigo ouví-lo dedilhando no violão, baixinho, bem longe. Nessas horas, ao invés de pensar que posso estar a enlouquecer, me pego sorrindo. Tudo acontece dessa forma porque assim eu quis. Faço questão de mantê-lo em minha vida, pois assim me sinto em paz. Não deixo de viver, conhecer nem me apaixonar, apenas faço isso tendo ao meu lado a pessoa que amo, que me entende só com o olhar, que foi importante em meu crescimento e me ensinou tudo que sei. Não faço mal a ninguém agindo assim, estou dividindo a minha loucura pois sei que existem aqueles capazes de compreender. Rezo por ele todos os dias, desejo-lhe o bem, lhe peço proteção e saúde. Que os anjos lhe enviem coragem pra enfrentar os desafios que a vida impôr; que seja responsável, cuide de si e se ame, para que não se envolva com algo que possa lhe fazer mal. Meu amor vai muito além.... É o amor de uma mãe por seu único filho, de uma filha pelo pai que está distante. De uma adolescente que pensa ter encontrado o homem de sua vida, ao de uma jovem que ainda tem a mesma vida pela frente. De uma mulher recém casada e apaixonada ao de uma senhora aos 80 anos de idade ainda desejando passar um milénio em sua companhia. O conteúdo desse texto é atemporal, pode ser lido daqui há 5, 10, 20 anos... tudo que está continuará sendo verdade. Pois essa é a verdade que escolhi, a minha verdade.

* Só pra quem não sabe, é ele o menino da foto.




quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Esperar ...

Sei que consentir que uma agulha perfure seu corpo sem necessidade, ou até mesmo enfrentar 32 horas de viagem pra encontrar alguém em busca "daquele" sorriso, podem não ser considerados provas de amor. Também não há de restar dúvidas quanto a importância da pessoa capaz de provocar tais estímulos: coragem, bloqueio da dor e disposição. (rs)
Creio que esses sejam úteis para a melhora da qualidade de vida de qualquer ser humano, principalmente por tais ações haverem sido executadas por prazer, o meu prazer.
Normalmente escrevo sobre aquilo que acredito ou que desejo acreditar; disse que somos nós os responsáveis por tudo de bom e ruim que nos acontece, visto que somos os únicos capazes de permitir. Mas, me enganei em um simples detalhe: esse tal escudo seletivo só funciona quando os que praticam tais ações são indiferentes, não quando se fazem especiais.
Não somos únicos pela cor dos cabelos, dos olhos, pela impressão digital; somos únicos na essência, no coração, no que faz de nós pequenas raridades.
Quando não há relação, compromisso ou liberdade, há apenas dois seres humanos passíveis de erros e acertos. Nada mais comum... sempre é de se esperar.