"A súbita sensação de realização após a compreensão da essência de algo."

Minhas palavras são como um olhar acompanhado de um sorriso, são as janelas de minha casa!

Essas estarão sempre abertas para que o ar se renove e as pessoas possam espiar aquilo que permito aparecer.

Se as cores do interior lhe chamaram a atenção, entre e fique à vontade. Seja bem vindo! :)


sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Vou até lá viver!

Normalmente quando ficamos sozinhos em silêncio, conversamos conosco; nos fazemos perguntas sem respostas e também, paramos pra nos ouvir. Gosto disso, desse mergulho interior, o monólogo do auto conhecimento. Acredito que isso vá me acontecer nos próximos dias... Farei uma viagem de 30 horas para outro estado, vou conferir o que a baiana, ou o baiano tem! A opinião daqueles que comento à respeito, é sempre a mesma: "Nossa! prepare-se, pois será uma viagem cansativa!". Sei que se referem ao cansaço mental, pois quanto ao físico creio que não haverão grandes problemas. Estarei bem acomodada e faremos paradas aonde poderei caminhar um pouco. Cansativo é ficar dentro de um quarto no MSN durante as férias, enquanto o mundo grita lá fora que existe vida acontecendo. Estarei em um ambiente fechado com pessoas que nunca vi, passando por cidades e parando em postos tão desconhecidos quanto! A cada parada, algo diferente, logo será possível diferenciar os sotaques e regionalismos. Por via das dúvidas, estou levando livros e muita música, mas ainda acho que entre um cochilo e outro, o que acontece agora aqui é que será minha companhia. Na verdade, a razão dessa viagem é um tanto intrigante... todas essas horas representam a distância entre o pensamento e a realidade, transformar uma idéia em ação, um objeto de desejo em humano. Vou ao encontro de uma cidade nova, de amigos, abraços e beijos! Em busca de uma virada de ano diferente e especial; de conhecimento e diversidades culturais, linguísticas, visuais e interpessoais. Em busca de paz pro meu coração, embora essa possa ser vista como uma perturbação da mesma; em busca daquela verdade que me encanta e faz com que cada dia o admire mais... vou pra parar de só pensar, imaginar, parar de dormir pra sonhar, vou até lá viver! O mundo lá fora não se cansa de gritar e eu, sou toda ouvidos! Um ótimo 2010 para todos!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Beijo

É impressionante como o pensamento está ligado ao sentimento e ambos influenciam em nossas ações. O que era indiferente, torna-se agradável e cada vez mais necessário. Uma prova disso é o beijo. Existe uma diferença gritante ao beijarmos por puro passa tempo numa boate e a alguém que gostamos. Quando não há sentimento, o que conta é a performance do indivíduo; quando há, mesmo que antes não fosse lá essas coisas, o sentimento faz com que seja. Desde o primeiro contato já havia combinado; o tamanho dos lábios, o ritmo do movimento, o abraço, o toque das mãos (lê-se pegada)... como fica quando o sentimento vem e vem com tudo? acho que a ocasião não me permite dizer. Posso apenas uma coisa: trocaria a eternidade por um beijo dele. Sem mais.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Completo

Certa vez, ao sair desacompanhada, um amigo em comum me deu o seguinte conselho:
- Comporte-se.
Confesso ter achado engraçado, mas me contive e fiz sinal de positivo com a cabeça.
Agora veja só, que audácia! Há quem acredite que seguir tal conselho seria "pagar paixão", até parece que precisaria dar essa volta toda pra deixar claro se estou ou não apaixonada, consigo tal proeza em um pequeno quarto, entre 4 paredes. Me comportaria sim, mas não em função da pessoa que está comigo. Como tudo que faço e dessa vez não seria diferente, o faria por mim.
Simplesmente porque não tenho necessidade de ser tomada por outros abraços.
Porque não vejo razão para me perder em outros beijos nem ficar horas a ouvir acordes descompassados de violão e músicas incompletas. Pois não preciso acariciar meu ego com outros elogios nem me divertir com outro jeito diferente de falar.
Me deliciar com outro cheiro, com outra voz, com outros olhos...
Como disse no texto anterior, aprendi a me sentir satisfeita com o necessário. Detesto exageros, sobras, sentimentos que transbordam, nos escapam por entre os dedos e fazem uma grande lambança! Até porque normalmente quem limpa sou eu. Pode parecer muito pouco para alguns, mas por enquanto, é só o que preciso. É o que deixa em paz, o que me faz feliz, feliz demais!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Um pequeno vendaval

Ouvi essa expressão de alguém muito importante, apesar de não fazer parte do contexto, agora ela faz sentido.
Há alguns dias atrás completei 22 anos de existência!
Pode não parecer nada comparado a idade de nossos pais e avós, mas apesar de considerar esse tempo de forma relativa, em partes até concordo. Não há como negar que em 22 anos se aprenda muita coisa, ah, e como.
Durante esse tempo, aprendi a me satisfazer com o necessário.
Isso não quer dizer que tenha abdicado dos meus objetivos, deixado de querer mais!
Quero sim, afinal...quem não quer? A diferença está em valorizar o que existe de mais simples, compreendendo sua funcionalidade e deixando a estética um pouco de lado. Caprichos; observando de perto vi que são apenas caprichos.
Hoje me sinto boba por ter desejado uma extensa variedade de pratos na mesa do almoço, quando sei que provaria dois ou três deles. Boba por ter desdenhado do carro que meu pai precisou trocar, apenas por não ser aquele que trazia em si, ainda que de maneira implícita, o status social que desejava ter. Boba por tentar escolher uma carreira profissional que me desse muito dinheiro, desmerecendo a satisfação pessoal. Sim, já fiz tudo isso... mas, foi bom.
Minha mudança de cidade foi como disse um amigo: um pequeno vendaval.
Não considero apenas a mudança física, pois a mudança mais intensa foi dentro de mim.
A rotina, os hábitos, as pessoas, a faculdade... tudo isso contribuíu para que fosse delicadamente lapidada, esculpida. Só conseguimos nos aproximar da perfeição através da prática e é com o passar do tempo que nos tornaremos melhores, ou pelo menos é o que deveria acontecer. Um passat alemão me leva pra faculdade do mesmo jeito que um Gol, um prato de arroz, feijão e carne, me alimenta tanto quanto qualquer outra comida, qualquer profissão que me dê satisfação pessoal, por fazê-la com gosto e sendo a melhor, me trará condições financeiras de viver bem. Quando é que deixamos de nos importar com o a parte funcional? Acho que já faz muito tempo, tempo demais pro meu nível de tolerância atual.
“Decidi desenvolver minhas qualidades, logo precisaria romper os limites e anseios.
Desfigurar o usual é um exemplo disso. Enfim tenho você pra assoprar meus olhos repletos de areia do vendaval...” Hoje não mais o tenho, mas suas palavras ficaram. Não são as pessoas, mas o que me fizeram sentir. Por que me prender à rótulos objetivos, se é na subjetividade que encontro o que me faz bem? Não são os amigos, mas a amizade. Não são os amores, mas os beijos, os momentos em que estivemos sós, as histórias que confidenciamos, são os nossos planos. Não são as casas em que morei, mas tudo que vivi alí. Todos os abraços, beijos, carinhos e discussões, todos os amigos, as aulas, as night's e conversas interessantes, todas as viagens, banhos de mar, horas no telefone e os filmes com brigadeiro e muita fofoca, são meus 22 anos. São essas pequenas coisas, pequenos grãos de areia que me divertem, que me proporcionam momentos incríveis, que me trazem paz.

sábado, 29 de agosto de 2009

30, 60, 90 dias...

Algumas relações são como células anucleadas, não tem material genético para se reproduzir nem tampouco sobreviver, duram o tempo suficiente para nos ensinar alguma lição, proporcionar momentos memoráveis e nos fazer bem até que o mesmo venha a se tornar indiferente. Logo, não compensará o fato de se estar livre para conhecer e experimentar novas sensações, ainda que pra estar sozinho em uma espécie de retiro espiritual. Não posso dizer que não exista amor, desejo ou vontade, mas esses se tornam pequenos diante de uma infinidade de situações que somente a liberdade poderá nos proporcionar. Quando estou com alguém, se não tomar cuidado me perco a ponto de não saber quem sou. Assumo os gostos e características da outra pessoa, talvez pra agradá-la ou até inconscientemente pelo convívio. Assim foi durante um bom tempo, apenas quando estive sozinha consegui olhar pra mim...estava tão acostumada à uma vida que não era minha, que pra afastar tudo aquilo, me isolei. Só havia uma coisa que podia fazer, por falta de opção, me conheci. Cheguei ainda um pouco perdida, sem graça e só observei, permaneci próxima, mas em silêncio absoluto. Quando senti que havia chance, me aproximei, conversei e descobri coisas muito interessantes à meu respeito, mas não o suficiente pra me prender alí, ainda não era capaz de perceber a importância de quem estava ao meu lado o tempo todo. Após algumas semanas com os amigos em boates e bares da vida, já cansada daquele ambiente vazio, achei que seria interessante sossegar, foi aí que voltei pra mim. Fiquei, namorei, tive momentos íntimos, assisti à filmes debaixo do edredom, jantei fora, dormi agarradinha, enfim... me apaixonei. Me fiz sentir linda, desejada e especial, pra mim isso era uma certeza. Eu era minha companhia constante, na disposição e bom humor, nas crises de tpm, até mesmo nos dias em que mal podia suportar minha voz, não dava simplesmente pra me mandar catar coquinhos, sair e bater a porta! Precisava ficar alí, esperar, compreender, respeitar... e fiquei, fiz nascer por mim um amor incondicional. Essa outra pessoa de quem falo, também pode ser chamada de alma, guia, xamã ou até mesmo, consciência. É ela quem zela por você, pelo seu bem estar, que te dá conselhos e que te freia nas horas em que ameaça perder o controle. Quantas vezes já não falou consigo jovem ou adolescente, como se fosse você mesmo só que mais velho, mais sábio, digno de confiança e respeito? Vamos lá! Deixe-me ver a parte em que a sanidade não existe! Eu mesma me pego falando sozinha de vez em quando: " Renata! É melhor não ligar... fica enchendo a bola desses meninos, depois fica aí chorando que nem uma pata! " ou então, " Isso, se enche de brigadeiro mesmo! Depois reclama que a calça jeans não entra..". Duvido que seja a única a agir assim, nossos conselhos nem sempre são colocados em prática, mas são ouvidos.
Ao nos relacionarmos com outras pessoas, deixamos em suas mãos o poder de nos fazer sentir, lembrando que ainda assim somos nós quem proferimos as palavras finais, sem o nosso aval, não sofremos e sem o mesmo, não somos felizes. Quando sozinha, era a única responsável pelo que sentia, a única em que podia confiar, em quem acreditava e que julgava ser merecedora de lágrimas de felicidade à sorrisos amarelos ao mascarar certa tristeza. Pensei que já estivesse pronta para me envolver sem me deixar levar, pra mim, o que pensava à meu respeito bastava. Mas não, ainda não. Talvez tenha me empolgado com o clima do momento, ou talvez precisasse passar por mais uma decepção. Ao ser tratada com certa indiferença, me senti sem importância. Ao supervalorizar um comentário, me senti normal. Não foi intencional, mas ainda assim aconteceu. Sempre fiz questão da verdade, nua e crua, escancarada e sem pudor, não é por ela que estou pensando dessa forma, ao observar os fatos que me são apresentados, tenho a opção de escolher se é mesmo o que quero pra mim. Isso não quer dizer que vá ficar sozinha pra sempre por medo do que possa sentir sem poder controlar, apenas acho importante sabermos reconhecer quando o tempo de vida de uma relação chega ao fim. Não devemos nos esquecer de agradecer pela agradável parceria! Pelos momentos de carinho e compreensão, pela credibilidade, confiança e principalmente pela paciência, sei que não é mole suportar tanta excentricidade. Agradecer pela validade da experiência e oportunidade de se ter feito parte da mesma equipe. É uma honra dividir a autoria de um capítulo, fazendo sempre com que cada participação seja muito, mas muito mais que especial.

sábado, 22 de agosto de 2009

Normais demais

- Posso te fazer uma pergunta?
- Claro, diz ai.
- Tanta gente duvida da minha sinceridade, por que você acredita tanto?
- Porque eu quero acreditar.
Simples e objetiva. É disso que falo na maioria das coisas que escrevo, é esse o prazer à que me refiro, o de surpreender. Faço uso da psicologia inversa tornando-a benéfica não só pra mim. Acredito que ao agirmos de maneira oposta ao esperado, provoquemos uma espécie de auto reflexão no indivíduo causador da reação em questão. Suponho que seja essa a intenção, que o mesmo reconheça a validade de sua atitude, ainda que para corrigí-la ou adaptá-la à uma nova tentativa. Sabemos que não é possível prever o futuro, mas podemos honrar o passado assumindo o presente, o famoso "fiz porque quis" é um ótimo exemplo disso. Mantenho meus textos nessa linha de pensamento porque não vejo mudanças significativas, convenço um ou outro e isso leva meses. O auge da evolução seria o desejo explicitado, a atitude assumida, precisávamos querer mais. De vez em quando leio coisas que me chocam! Textos escritos há mais de 10 anos atrás, retratando a realidade atual. Coisas que no passado já faziam sentido, até quando farão? Enquanto insistirmos em mascarar nossas intenções por trás da política da boa vizinhança como se fossem algo incomum. Somos da mesma espécie, cometemos erros e acertos basicamente padronizados, que mal há nisso? Pra que fingir que somos perfeitos? Pensamos estar enganando à quem? Ah, não há dúvida! A nós mesmos... somos os espectadores da nossa própria peça teatral! Assumimos o personagem que nos convém. Escolhemos o enredo, o cenário, o rumo da história... pagamos ingresso pra ver o que já sabemos, não há surpresas. Por isso que frequentemente nos frustramos. Agora me diz, existe algo mais sem graça que isso? Já escolhi meu personagem e ele nem de longe é perfeito. Devem estar se perguntando... se você mesma o escolheu, aonde ficam as surpresas? Na interação com pessoas previsíveis! É sucesso garantido, pura emoção! Alegrias, tristezas e decepções... sei o que podem me proporcionar! E o melhor de tudo! Sei também que posso surpeendê-los constantemente com a falso discurso de ser imprevisível. Só é anormal quem é diferente, porque somos todos normais demais.

domingo, 19 de julho de 2009

Um nome, um estilo de vida, uma missão.

Entre a fase da infância e da adolescência propriamente dita, existe um meio-termo normalmente chamado pré adolescência. É justamente nessa fase que parecemos estar completamente insatisfeitos, às vezes até em dobro, triplo, quádruplo...
Reclamamos o tempo todo, nada está da forma que gostaríamos. Uma dentre as milhares de coisas que nos incomodam, está a escolha precoce de nossos pais ao nos dar um nome sem ao menos nos consultar. Como mais uma pré adolescente, não gostava do meu. Queria ter me chamado Bruna, Roberta, Rafaela... tudo, menos Renata. É muito gostoso ver como nossa opinião diante de coisas tão pequenas mudam drásticamente ao longo dos anos. Talvez hoje mais madura ou quem sabe apenas fora dessa fase tão perturbadora, consiga além de gostar, admirar o nome escolhido pra mim. Já me permito pensar como mãe pois esse é um desejo antigo, um desejo nato arriscaria dizer. Ter uma pequena vida dentro de si e ansiosa por sua chegada, escolher como irá se chamar não é tão aleatório como pensamos. Algumas mães já decidem o nome antes mesmo do bebê nascer, podendo conversar com ele não mais de forma impessoal. Acredito que seja nesse momento da escolha em que nos tornemos "gente". Se comigo foi assim, não sei, mas é dessa forma que decidi acreditar. Gostei de ter me tornado gente e também desse pequeno pedaço de gente ou projeto de ser humano se chamar Renata. Para os que não sabem, o nome Renata é de origem latina, facilmente reconhecido pelo processo de formação de palavras chamado prefixação ou derivação prefixal. Esse processo ocorre quando a palavra chave permanece a mesma e só o começo ou o final são capazes de sofrer alterações. No latim, "nata" significa nascer e é essa a palavra invariável. Esse termo se relaciona com o sentido de nascimento, como por exemplo natal, natalidade, natalino, talento nato (de nascência) e etc... não me arrisquei em vão. O prefixo "re" significa a repetição de determinada ação, lembrando que cada uma delas é diferente justamente pela oportunidade de refazê-la, reinventá-la, reescrever uma história, reviver um momento. Meus pais não foram nada ingênuos nesse ponto, foi uma escolha óbvia ainda que não intencional. Se acredito na doutrina espírita, na chance da reencarnação para mais uma experiência de aprendizado na intenção de evoluir, ter renascido só prova que não estou aqui a passeio, muito menos em vão. Nasci dia 21 de setembro, o que divide meu signo em dois! O último dia do signo de virgem já iniciando o de libra. Minhas características se espalham nos mesmos de forma perceptível. De acordo com o signo de virgem, sou uma pessoa crítica, introspectiva, calma, generosa e simplista, gostei demais dessa última. Devo viver nos campos, colinas ou regiões próximas as montanhas! Essa característica é como dar banana aos macacos! Calma, já vou chegar nos defeitos. Se evidenciei as qualidades, aqui não será diferente. O virginiano é manipulador, indeciso, nervoso e absolutamente dependente. Nossa! acho mesmo que devia ter esperado mais um pouquinho pra vir ao mundo. O signo de libra me define como ninguém! De acordo com o mesmo, sou uma pessoa dotada de poderosa aura magnética que consegue equilibrar suas paixões com a reflexão. Imparcial, de mente equilibrada, temperamento conciliador buscando sempre harmonia e perfeição, inclusive em casamentos e sociedade. Sensibilidade artística, diplomacia e trato social. O principal defeito que encontra-se em negrito em todas as fontes pesquisadas: manipulação. Fiquei intrigada pela presença dessa característica em ambos os signos e naturalmente fui atrás de suas definições. O sentido de manipulação é extremamente vasto e por isso, impreciso. Pesquisei suas formas de atuação e procurei adaptá-lo. A manipulação psicológica consciente, se realiza à partir do corpo ou por meios psicológicos que atuam diretamente sobre o espírito. É também chamada perfectiva, pois corrige o modo de ser do sujeito manipulado. Em razão do fim a que se propõe o manipulador, ela pode ser necessária, útil, terapêutica, experimental ou egoísta. Tratando-se do manipulador em questão, posso lhes afirmar que a que melhor se encaixa em minha personalidade acima descrita, é a manipulação útil, pois procura melhorar a situação do sujeito manipulado ou a de ambos. É de fato pra isso que servem minhas epifanias. Quando algo acontece em minha vida e me faz perceber determinadas coisas, é quase que imediato, corro e escrevo! São pensamentos, reflexões, idéias, conselhos à mim mesma e aos que eventualmente possam estar lendo e se identificar com alguma situação descrita. É pra isso que escrevo, pra ajudar. É por isso que faço, pelo prazer indescritível. É com isso que me realizo... minha maneira de renascer a cada ponto final.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

ai ai...

* Fique atento à textos que se iniciam por um suspiro, principalmente se precedidos de uma profunda inspiração e posterior expiração... acredite, lá vem bomba!

Hoje preciso falar da ironia, essa sempre tão presente nas situações corriqueiras do dia a dia.
Sabe aquela sensação de preparar um churrasco para um amigo que resolve te avisar alí que é vegetariano? Então, é por ai. Nos últimos dias venho tendo uma sensação semelhante, descobri que presenteei com um livro alguém que não gostava de ler. O livro é simplesmente encantador, cheio de lindas mensagens que se aplicariam perfeitamente a qualquer época e situação. O que acho engraçado é que nos conhecemos através de meus textos, o que naturalmente me fez pensar que saberia aproveitar o presente. A princípio sorriu, agradeceu, o segurou por um tempo, folheou algumas páginas e o colocou em cima de um pequeno móvel. Após visitá-lo 5 meses depois, percebi o livro no mesmo lugar, intacto! Sei disso pois precisei me certificar que o marcador de páginas estava aonde havia deixado, não queria acreditar que tamanho disperdício fosse possível. O livro era meu, fazia parte de mim.. esses dias mesmo senti saudades e desejei reler um trecho que gostava. E ai? ah, não tenham dúvidas! Peguei meu livro de volta. Ainda sou capaz de perguntar se está gostando da leitura e a pessoa na maior cara de pau reponder que está amando! Prefiro rir pra não chorar, antes cômico que trágico! Não sinto raiva, arrependimento e nem mesmo a culpo por isso, gosto é algo muito relativo. Quantos seguram livros e nem mesmo sabem ler? Quantos sabem, querem, mas não tem acesso? São para essas pessoas com sede de conhecimento que meu presente deveria ir. Hoje ele está comigo, mas logo ganhará um novo lar. Sou à favor que o conteúdo convença, que a idéia se espalhe, coisa boa não deve ficar trancada na gaveta. Se não fosse eu a pegá-lo de volta, não demoraria muito pra que algum admirador de obras literárias o pedisse emprestado sem saber que estaria ganhando de presente, é o típico: "Gostou? pode ficar, leva pra você". Se era indiferente, melhor assim. Às vezes vejo as pessoas tão vazias, conformadas, acomodadas; é como deixar algo valioso nas mãos de alguém que não saberá como cuidar, e não saberá por opção. Determinadas coisas exigem o mínimo de empenho, basta querer, qualquer um sabe disso, o que mais me incomoda é não reconhecerem que não gostam de algo ou simplesmente não querem mais. Ficam num jogo de empurra que parece não ter fim. O mesmo se aplica a estudar para uma prova, realizar um trabalho ou terminar um relacionamento. Se não querem ter cultura e adquirir conhecimento, tudo bem, algumas pessoas são felizes assim. Se me contento com o pouco relevante e valorizo o trivial, eles também podem estar satisfeitos em suas limitações. Há excelentes obras espalhadas por aí e o que não falta e isso eu posso lhes garantir, são grandes homens ávidos por desvendar as belezas da vida acreditando até que a maior delas possa estar num livro, ou num simples sorriso que se espera dias pra ver... embora já esteja de olho em um possível merecedor, o mesmo ainda se encontra em minhas mãos. "Todos temos 46 cromossomos em nossas células, mas temos diferenças cruciais na capacidade de suportar adversidades. Precisamos expandir nosso nível de suportabilidade, pois ninguém tem céu sem tempestade." E não é verdade? Essa é apenas mais uma dele, Augusto Cury... meu vendedor de sonhos! Ele não se cansa de acertar...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Auto amor

Já não pensava que fosse capaz de acordar e dormir pensando numa só pessoa nem mesmo ficar horas a imaginar como seria a olhar nos olhos e sentir sua respiração, viver a fantasia de um coração apaixonado, a ilusão de um amor platônico. Desejar incontrolavelmente o toque da pele, o peso do corpo, o cheiro... já deixou de ser puro o meu amor, divino, perfeito. Ele é também promíscuo, vulgar, é humano. Me pego pensando qual seria a textura dos lábios e que gosto teria o beijo. Haveria de me deixar completamente vulnerável e entregue ou nada me faria sentir? ah, disso eu duvido. Como seria ficar a te olhar enquanto dorme?
Enquanto espera que sua alma retorne de uma longa e revitalizante viagem. Como seria ter o privilégio de estar alí quando retornasse? Ser a primeira à receber o brilho dos seus olhos logo pela manhã. Te surpeender. Te fazer esquecer o porque de tudo, te tirar a noção de tempo, de espaço. Te fazer sentir com as partes do corpo e se expressar pelos poros da pele.
Te trancar dentro de mim e te fazer me ouvir, me fazer te ouvir, te fazer se amar, me amar.
Não é preciso... merecer seu sorriso é a melhor razão de existir.
Mas eu quero essa dúvida, essa espera, essa incerteza. Quero me perder nas hipóteses e me encontrar em cada situação provável, quero viver cada uma delas como quem vive o imprevisível, o indescritível. Quero ficar apreensiva quanto ao rumo de um caminho, mas com a vaga sensação de que tudo vai dar certo. Quero chorar por ser amada e sorrir por não ser correspondida, quero rir de mim, rir de ti, das nossas loucuras e excesso de maturidade que simplesmente não condiz com a época que vivemos. Quero continuar a desmerecer seus conselhos e rejeitar seus carinhos como forma de me convencer de seu amor incondicional. Quero continuar não acreditando que existam boas intenções por trás de suas atitudes pois no fundo, sei que és a única em que posso confiar. Quero continuar a dizer que não dependo e nem preciso de ti, porque sei que estarás comigo aonde quer que vá e isso não há de mudar. Quero pensar que ao me afastar de tudo estarei sozinha, apenas por ter certeza que não há a menor chance disso acontecer. Ah você, só você... foi comigo do céu ao inferno centenas de vezes sem dizer sequer uma palavra, jamais usou o tom de reprovação pois considera toda experiência válida, não se deixa abater pelas coisas ruins e me faz lembrar de nós quando penso em desistir. É quem vive comigo e vive pra mim em tempo integral. Cuida do meu corpo, minha mente e do meu coração. Me deseja todos os dias, me faz sentir linda, importante, necessária... quando não, essencial. E eu, o que tenho feito por você?
Não é preciso... merecer seu sorriso é a única razão pra existir.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Curriculum Vitae

A expressão que entitula o texto abaixo vem do latim que em português quer dizer, currículo de vida. Ironicamente, seu conteúdo baseia-se na trajetória educacional e acadêmica de um indivíduo; aonde cursou e concluíu os ensinos fundamental e médio e se tem ou não ensino superior, como se viver se limitasse a salas de aula e corredores de universidades. Hoje em dia não ter o diploma de ensino médio nos impede de cursar uma faculdade e a ausência da mesma, de conseguirmos um emprego em que sejamos suficientemente remunerados. Não estou dizendo que não seja importante, de forma alguma; tenho uma enorme admiração pelos mestres e professores em suas instituições, só não concordo com o fato da ausência de um diploma nos excluir ou anular, mesmo que tenhamos experiência na área. Eis o que questiono: até que ponto o que pensamos, sentimos e vivemos é menos importante que o diploma? Certa vez presenciei uma situação um tanto curiosa, pelo fato de ser comum e jamais ter me causado tal reação.
Estava próxima a alguns alunos do nono ano que estudávam matemática, um deles parecia não estar acompanhando o raciocínio e então um colega se ofereceu pra ajudá-lo. Percebendo que não estava adiantando, comunicou ao resto do grupo:
- Gente, ele não consegue resolver o problema mais ridículo! É muito burro!
A mudança na expressão do jovem enquanto faziam algazarra zombando de sua dificuldade foi notória. Era de fato um problema simples, mas isso não significava que fosse incapaz. Já havia me informado sobre seu histórico escolar, sua dificuldade de concentração e aprendizado se devia a ausência da figura paterna e a constante mudança de endereço e cidade. Como esperar que alguém que vive nessa bagunça conseguisse resolver problemas envolvendo cálculos? Isso sem mencionar a atitude dos outros jovens, que para estarem rindo deveriam ser gênios, não é mesmo? Já poderiam inclusive estar lecionando! Se bem que com essa didática toda, não durariam mais de uma hora no emprego. Ao vê-lo constrangido, com os olhos baixos ameaçando chorar, não me contive e imediatamnte intervi:
- Não, ele não é burro. Saber ou não isso aí não quer dizer nada.
Vocês só precisam dominar esse assunto para conseguir ao longo dos anos diplomas e certificados... Isso apenas para provar ao estado, a sociedade e aos seus pais de que são capazes, e sabem por que? Pois eles precisam disso pra se orgulhar, se orgulham por pouco, muito pouco. Sei que exagerei, mas não podia deixar que o diminuíssem daquela maneira, não diante dos meus olhos. As pessoas tem limitações, se ele não era bom em matemática talvez fosse em história. Ainda que não fosse bom em nenhuma matéria, não devia permitir que o fizessem duvidar nem por um segundo que fosse menos digno de estar alí que os demais. Ninguém é tão limitado a ponto de não saber fazer nada. De que adianta ter facilidade em física, querer ser piloto e ter medo de altura? Ou o 1° lugar de medicina não conseguir ver sangue? O currículo da vida não deve se limitar a diplomas e aprovações e sim a romper nossos próprios limites, pois assim estaremos fazendo por nós. Quando tiro 10,0 em inglês, acho bacana. Quando tiro 9,5, fico possessa! O bom mesmo é pegar aquela matéria que promove uma hemorragia no boletim e parece estar em outra língua, estudar a madrugada toda na noite anterior a prova e tirar 6,0. "Nossa! Que nota medíocre Renata.. nem é azul, a hemorragia continua aí, fala sério! Perdeu uma noite de sono pra tirar um mísero 6,0?" Exato, mas não perdi nada não; como diz meu pai: deixo pra dormir quando morrer, e o que eu ganhei, não há dinheiro no mundo nem nota 10,0 em inglês que possa pagar: reconhecimento, auto confiança, superação. Talvez não pra você, para a professora ou meu pai, que irá assinar o boletim desconsolado, mas para mim que sei o quanto foi difícil entender todos aqueles processos e memorizar as fórmulas. Sabe o lance do copo com água pela metade? Ele pode estar meio cheio ou meio vazio, depende do ponto de vista do observador. Prefiro valorizar o que tenho em mãos e não o que deixou de acontecer, não ficarei triste nem me considerando burra por ter errado 4 questões; apenas procurarei identificar meu erro e corrigí-lo para que não volte a cometer, ficarei muito feliz por ter acertado aquelas 6, ter conseguido desenvolver de maneira correta e ter lembrado a porcaria da fórmula. Eu continuo dizendo que essa é a base de tudo. Me desculpe se não tirei o 10,0 que a professora queria como prova de que tem feito um bom trabalho, nem que meus pais precisávam para ter certeza que seu dinheiro não estaria sendo mal investido, me desculpe se os decepcionei... mas, antes à vocês que a mim! Estou em paz com a minha consciência e de cabeça erguida. Acho um absurdo e me angustio só de pensar que existem crianças que apanham e ficam de castigo por causa de notas ruins. Não há ninguém orgulhoso e contente pelos 6 acertos, estão insatisfeitos pois queriam 10 e envergonhados pelos 4 erros; ainda dizem que tirar a nota máxima não é mais que a nossa obrigação já que só fazemos isso, estudar. Também acho que parabenizá-lo pelo que foi conquistado e compreender o que não foi, encorajando-o a estudar mais para que na próxima prova o número de acertos seja ainda maior.. não seja mais que a obrigação de alguém que optou por ser tutor de uma vida. Eu não disse que precisavam de provas e se orgulhávam por pouco? Vamos, continue preocupando-se apenas em lotar seu currículo com competências e habilidades até transbordar. Faça o que os outros esperam, dê à eles essa satisfação. No final das contas, quando virar comida de inseto no jazigo da família, perceberá que farão com o seu currículo cheio de títulos, o mesmo que fez com sua vida: o rasgarão pausadamente em 2, 4, 6 e consequentes pedacinhos! Viveu por eles e pra eles, e quanto à você? É melhor mesmo que exista vida após a morte pra que possa recuperar o tempo perdido... Lembrei-me agora de uma música que gosto muito! "Quantas chances disperdicei quando o que eu mais queria era pra provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém." É, de fato! Ah, Renato Russo! Gente boa vem pra cá se libertar através da consciência alterada e fazer orgias! Tudo bem que duram pouco, mas o suficiente pra deixar sua mensagem. Eu, por via das dúvidas já estou me adiantando. Não faço questão de ter um 10 fácil, mas um 6 difícil... Não me importo em viver o que pra alguns seja uma vidinha medíocre, pelo menos é a que escolhi pra mim.

Identicidade

Um pouco de tinta na ponta no polegar direito e a marca deixada ao pressioná-lo contra o papel, já representariam a essência desse texto. A impressão digital é apenas uma das formas de se provar que cada indivíduo é dotado de características físicas e psicológicas particulares. Fazer comparações entre coisas estáticas que permitam que se encontre semelhanças e diferenças é até comum, o que não consigo entender é a insistente tentativa em querer comparar o incomparável, inigualável, indescritível, inconstante e mutável, os seres humanos. Um exemplo muito comum desse fato é o concurso público ou o vestibular, algumas pessoas apenas estudam anos e anos e não conseguem a pontuação necessária, outras trabalham, tem família e responsabilidades, estudam de madrugada quando o cansaço não os consome e conseguem a aprovação. Como explicar tal situação? Falta de compromisso, preguiça, vagabundagem... é, talvez. Dificuldade de concentração e consequentemente assimilação do que está sendo ensinado... bem provável. Falta de vontade? Não, isso não. É o cúmulo da incerteza existencial (quem você pensa que é?) questionar a vontade de alguém numa situação como essas. Em situações de grande pressão, o sistema nervoso e o estado emocional ficam intimamente ligados, além da cobrança dos familiares e das pessoas que confiam em nosso potencial, existe a auto cobrança ; falhar nessas horas significa decepcionar os que acreditaram em nós, mas pior que isso, significa colocarmos em dúvida nossa capacidade de ser e existir... parece exagero, mas só quem já passou pela sensação do fracasso é capaz de compreender o que estou dizendo, e são essas pessoas especificamente que não admito ousar a tecer qualquer comentário à meu respeito. O processo de preparação para que possamos provar ao estado que estamos aptos à entrar em uma universidade tomando como base o ensino médio, muitas vezes provido pelo próprio, já é sacrificante o suficiente para que ainda precisemos ser diminuidos e reprimidos quando comparados à outras pessoas. Quantos não se formam em determinada carreira e acabam trabalhando em outra, quantos ganham dinheiro sem trabalhar e que trabalham sem ganhar nada? Esqueça o estado, nossos pais e parentes, esqueça o resto da sociedade, o resto do mundo: o que realmente isso prova ou significa para você? Então, pois é.. isso basta. As razões para essa não aprovação podem ser inúmeras, inclusive a de existir um número de vagas infinitamente menor que o número de inscritos no processo seletivo, como meus sábios professores do curso pH Tijuca diziam: "Infelizmente, muita gente boa vai ficar de fora.", até no desempate, fica com a vaga o mais velho, implicitamente querendo dizer que o mais novo tenha tempo para fazer mais um ano de cursinho e passar na próxima tentativa. Ao menos nesse aspecto os vestibulandos de carteitinha estão com certa vantagem, se tirarmos a mesma nota que um marinheiro de primeira viagem, entramos e ele não... o que já deve ter acontecido conosco diversas vezes, ninguém morre por isso. Então, como é que um cara desses passa e eu não? muito simples. Nosso nome, idade, estado civil, altura, peso, cor dos olhos, cabelos, arcada dentária, estrutura óssea, etnia, material genético e etc... não são os mesmos, porque acha que nosso resultado em uma prova deveria ser? O que aconteceu com ele antes de estar sentado naquela cadeira e comigo, foi diferente, desde o que ingerimos no café da manhã até as reações químicas que ocorrem em nosso corpo. Pareço estar falando de coisas que não tem absolutamente nada a ver com a questão, não é? Bom, o fato de questionar meu resultado é tão absurdo quanto. As pessoas tem limitações, acho importante identificar aonde estão e o que pode ser feito para rompê-las caso seja relevante ou necessário. É relevante que a quem o resultado se refere saiba aonde errou, porque errou e como fará pra melhorar. É necessário que as pessoas tenham o mínimo de bom senso e respeito ao questionar determinados assuntos caso queiram exigir o mesmo de nós. Já que não somos idênticos como parecem tratar os casos e situações que nos envolvem, a hierarquia existe não só entre adultos e crianças, pais e filhos, professor e aluno, patrão e funcionário, existe de indivíduo para indivíduo. Peço desculpas caso tenha sido grosseira ou indelicada, mas precisava disso. *Obrigada. : )

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Teresópolis

(A famosa "Terra do nunca" segundo alguns moradores que ousam afirmar que aqui nunca tem nada pra se fazer.
Ontem foi aniversário da cidade e como uma forma de demonstrar meu carinho, fiz algumas modificações nesse sentido.)
Aonde o tempo não passa. As crianças não crescem, os adultos não envelhecem e os idosos não morrem. Ninguém fica doente, não chora e nem sente dor, não há tristeza que os faça perder a alegria nem decepção que os faça deixar de acreditar. O cheiro do perfume, os olhares, o gosto do beijo e o toque de mãos são mais intensos, mais sinceros. O amor, as amizades e até o desejo de viver renasce a cada dia como uma nova manhã. O sol brilha mais, o ar é mais puro e o vento mais fresco, as montanhas de puro verde e as cachoeiras de águas gélidas e cristalinas tornam o lugar ainda mais bonito. As paisagens parecem ter saído de um filme sobre a terra primitiva quando a natureza ainda era a única responsável pela dinamicidade e sincronismo de suas formas. A expectativa de vida parece ser inversamente proporcional à quantidade de asfalto, prédios e centros comercias, cada árvore com suas raízes presas ao chão simboliza a presença do que nos une ao que não podemos ver nem tocar, apenas sentir: o verdadeiro e real sentido de estar aqui. Em plena guerra civil e nas circunstâncias em que me encontro, faço questão de valorizar as vantagens de se viver em uma cidade pequena. O espaço físico e as condições climáticas não poderíam ser mais agradáveis. Melhor qualidade e menor custo de vida a apenas 90 km do centro do Rio de Janeiro. É o lugar perfeito pra descansar e estudar. Não existem muitas opções de programas para jovens, a não ser pelas festas universitárias ao longo do ano o ritmo é bem tranquilo. Pensando bem, melhor mesmo que a bagunça fique lá pra baixo! Se existe pouco pronto é porque ainda há muito o que fazer!
Considerando meus atuais objetivos, sem dúvidas é exatamente aonde deveria estar.

sábado, 4 de julho de 2009

Dia das mães

O texto que segue foi uma carta entregue à 7 mães em seu respectivo dia esse ano. Foram escolhidas à dedo... hoje, não seriam apenas 7. Fico imensamente feliz por conhecer pessoas que mereceriam ler coisas assim todos os dias, espero que essas palavras sirvam não só para elas, mas principalmente para os que estão na mesma condição que eu, filhos. : )

* Precisei que o dia das mães se aproximasse para questionar e posteriormente compreender a importância desses seres humanos em nossas vidas, principalmente para que hoje pudesse dividir com vocês o que descobri em meus pensamentos, o quanto são especiais. Primeiramente gostaria de recordá-los tanto de forma científica quanto espiritual, o processo de gestação (lembrando que ser mãe não se resume em estabelecer laços biológicos). Na maioria dos casos os filhos são frutos de um amor, independente da durabilidade do mesmo, no momento da consumação foi sincero e real. O pai fornece a semente e a mãe o lugar para que essa possa germinar, por isso dizemos que a criança gerada é responsabilidade de ambos. Partindo de uma lógica aparentemente absurda, elaborei motivos para acreditar que pais e filhos são uma só pessoa. Viemos de nossos pais e somos gerados em nossas mães, ficamos por 9 meses imersos em seu líquido intra uterino, respiramos e nos nutrimos através delas, sentimos seu nervosismo, desejos, angústia, insegurança e felicidade, somos parasitas intra e extra corpóreos até no mínimo completarmos a maioridade. Somos parte delas como um membro, feitos do mesmo material orgânico... Após toda essa explanação, acho que ficamos mais próximos de compreender a dor de uma mãe ao perder um filho...assim como ao perdermos nossos pais, sentímos nossas raízes sendo arrancadas do chão, nos vemos frágeis, sozinhos, mesmo com 30 anos de idade, nos sentiremos como uma criança perdida no shopping. Não sei quanto as outras meninas mais novas ou mais velhas que eu, mas me recuso a deixar essa vida sem antes passar pela experiência de ser mãe. Não tenho dúvidas de que esse será o dia mais feliz da minha vida, quando puder gerar, cuidar, amar e proteger um pedacinho de mim, prepará-lo para o mundo, para continuar o que comecei. Sou adepta à tese defendida por Andrei Ridgeway sobre a criança sagrada: "Se pudéssemos falar durante o primeiro ano de vida, seríamos capazes de revelar todos os segredos do lugar de onde viemos, ainda sentíamos a pulsação do nosso objetivo de vida que se agitava em nossas células...Sem dizermos nada, abríamos o coração das pessoas, nos comunicávamos com o mundo em silêncio por emanações de sentimento que transcendiam as palavras, se os recém nascidos pudessem conversar, o mistério do ser humano desapareceria." Por isso que quando crianças somos mais carinhosos com nossos pais, dizemos que os amamos, fazemos trabalhinhos na escola homenageando datas comemorativas e outras coisas das quais tenho certeza que sentem saudades. Acredito que durante nossas vidas traçamos um gráfico não linear, na verdade uma parábola. Durante a infância nossa criança sagrada permanece ativa, mas com o tempo acabamos esquecendo nosso principal objetivo. Não sei exatamente porque durante a adolescência confrontamos nossos pais o tempo todo! Acredito que talvez por ser quando estamos começando a desenvolver nossa opinião própria e senso crítico, nossa autenticidade. Saber que o que um dia fez parte deles diverge tanto do molde original os incomoda, para eles é difícil se acostumar com tanta rebeldia e para nós, tanto autoritarismo. Nos tornamos cargas opostas de energia que se repelem! Com o passar dos anos aprendemos a compreender as atitudes de nossos pais, principalmente a nos surpreender com seu amor incondicional. Passamos a nos sentir no dever, já no meu caso, no direito a ter o prazer de poder cuidar dos que cuidaram de mim, protegê-los, amá-los, ter a mesma paciência e carinho que tiveram comigo quando estava aprendendo a andar, falar, ler... Colocando na balança, saldo positivo e negativo... Eles merecem e merecem muito. Quando bem mais velhos, já estando aptos a compreender, saber como agir, o que dizer e como dizer... muitas vezes o tempo já os levou e perdemos a chance.
Hoje, no dia das mães, quero deixar uma mensagem que li em um texto que ficou famoso por ter sido narrado por Pedro Bial, de autoria de Mary Schmich: "Dedique-se a conhecer seus pais, é impossível prever quando eles terão ido embora, de vez." Se esse dia das mães for o último, faça com que seja inesquecível.
Falo como filha. Seja uma criança que não teme em dizer que ama, um idoso que já passou por muitas coisas, inclusive a maternidade e faça o que gostaria que seus filhos fizessem por você...ou até mesmo um adolescente que briga, grita e chora...mas, seja! Para todas vocês mamães... Um Maravilhoso dia!

O presente é o passado visto com outros olhos

Os pronomes demonstrativos "essa" e "aquela" tem a função de nos aproximar ou afastar daquilo à que nos referimos. Temos o costume de recordar saudosamente os bons e velhos tempos passados, como se os dias atuais também não tivessem seu valor. Hoje quero e preciso falar de alguém que existiu há alguns anos atrás.Suas caracterísicas eram facilmente notadas, seu jeitinho meigo, timidez excessiva e seu medo inconsequente da solidão.A ausência de auto controle e instabilidade emocional eram seus fiéis companheiros, insegura e repressora de seus próprios sentimentos, vivia atuando em busca de aceitação e na maioria das vezes isso não acontecia.Apesar de considerar válido que reconheçamos nossos erros mesmo que tardiamente, não existe sensação pior que a de se sentir impotente, pensar que poderia ter sido diferente e saber que não há nada que possamos fazer a não ser lembrar e lamentar, é angustiante. Mas, quer saber? é importante sabermos nos perdoar. Passou. A única coisa capaz de nos manter ligados ao nosso passado é a nossa vontade de que assim seja. Talvez tenha ficado presa a lembranças e memórias sem deixar que perdessem o cheiro ou a cor. Talvez por sentir saudades da que fui, não quisesse enxergar o que me tornei.Talvez por desejar reviver determinados momentos pra agir de outra forma, tenha me negado a protagonizar novas experiências. Sempre fiz questão de gritar aos quatro cantos do mundo o quanto estava melhor, mais segura, mais feliz... talvez pra que me convencesse disso. Um poema da autoria de Marcelo Camelo, músico e intérprete que admiro, nos fala assim:
"Eu, você e todos os encontros casuais.
Os ais e os ão de ser e todos os casais também.
Olha, até quem achou que nunca ia, esse ia se espantar de ver.
Que o ódio, o amor e até eu vou pra ver no que vai dar...
A massa, a moça e até esse pra sempre, tudo passa."
O nevoeiro que deixava o ambiente sombrio, triste e sem vida se foi. O colorido vibrante, o contraste de elementos, a luz, o cheiro, o tom, aqui estão mais uma vez! É tão bom poder ouvir sem sentir, olhar e não chorar, guardar momentos, cenas, uma história. O passado tem a honrosa missão de nos lembrar no presente que nada, definitivamente nada...foi em vão.

Namoroando

"Os dias que me vejo só são dias que me encontro mais.." Embora no meu caso, estar namorando seja uma ação constante. Apenas durante o tempo em que estive sozinha pude me conhecer, fiz uma retrospectiva dos meus relacionamentos anteriores, pesei erros e acertos, analisei atitudes e finalmente constatei, sou muito. O difícil não foi encontrar alguém que merecesse esse muito nem mesmo que tivesse o mesmo a oferecer, mas quem estivesse disposto a compartilhar! Qualidades e defeitos, vantagens e desvantagens, momentos bons, divertidos e outros dos quais faremos questão de abstrair, afinal seria ilusão pensar que viveríamos somente dias perfeitos. Queria alguém que respeitasse minha individualidade, priorizasse a amizade acima de qualquer outro sentimento e que fosse adepto da sinceridade extrema ao invés de mascarar reais e não menos dignas intenções. Que contrariasse sem medo a falsa lógica do amor pensando: Se te amo, te quero feliz, o que abrange uma infinidade de situações, inclusive a de não estarmos juntos futuramente.Alguém que não quisesse se anular misturando vidas na expectativa ilusória de formar uma só, mas que quisesse estar comigo, caminhar lado a lado de mãos dadas como duas pessoas de histórias distintas que hoje protagonizam o mesmo capítulo. O desenrolar dos fatos não depende exclusivamente da nossa vontade, mas de todo um enredo. Novos personagens que por ventura irão aparecer, o espaço físico que poderá se modificar, o tempo, as prioridades...Então, o segredo para não se frustrar é acompanhar os acontecimentos como um mero espectador, se angustiando a cada clímax e supreendendo a cada desfecho pra no final limpar os olhos molhados em lágrimas e de tamanho orgulho e satisfação, sorrir: "Como é bom olhar pra trás e admirar a vida que soubemos fazer!"Um namoro é mais uma junção de elos em uma grande corrente chamada vida.Penso que ao assumirmos um relacionamento, não perdemos nossa liberdade, apenas ganhamos companhia pra gozar a plenitude da nossa juventude! Vivemos, descobrimos, exploramos e aprendemos em dupla... ao meu ver esse fato só é capaz de nos trazer vantagens! Independente de como termine essa parceria, se daqui há alguns meses, anos ou quem sabe só com a morte, é importante lembrar que cada minuto é válido. O que nos cabe é aproveitar!Se entregar e deixar acontecer fazendo com que esse período de experiência mútua seja no mínimo prazeroso!
Ah, é o que tenho feito.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Microscopia Humana

Situação: Estamos apaixonados, que coisa boa!
O momento em que estamos nos conhecendo é encenado com pétalas de rosas que caem do céu, música romântica de fundo e luz baixa. Cada sorriso, olhar, até a forma de andar ou mecher nos cabelos é vista em câmera lenta para que possamos decodificar a linguagem corporal. Tudo que a pessoa diz faz sentido, ela fala bonito, é inteligente e sensível, passamos a admirá-la em todos os aspectos imagináveis. Suas qualidades ganham destaque em luz neón e seus defeitos... bom, esses não existem. Sem perceber, passamos a idealizá-la colocando-a em um pedestal, a consideramos um plágio da perfeição que de forma alguma pensamos em denunciar; não até nos tornarmos o consumidor enganado e o que é irônico, por nós mesmos.
Sempre tive sorte ao me envolver com pessoas de sexo oposto, me relacionei como uma forma de viver, sentir e trocar! Se não momentos bons pra recordar com carinho, momentos de sofrimento e decepção que serviriam como lição para que modificasse algumas atitudes. Ao contrário da maioria, não penso em me proteger desconfiando de tudo e de todos, uso esse aprendizado para reconhecer e adimitir que somos humanos, não deuses. Com o tempo vamos percebendo que aquela pessoa não era tudo aquilo que pensávamos, ela é grosseira, desagradável, insensível, fala como qualquer pessoa que seja no mínimo alfabetizada e nem é tão inteligente e bonita assim. Ela mudou da água pro vinho ou estávamos enxergando o que desejávamos que fosse verdade? E se fosse mesmo uma imitação barata? Os beijos, abraços e juras de amor eterno...esteve atuando o tempo todo? Até pode ser, mas penso diferente. Acredito que só comecei a notar seus defeitos e imperfeições porque a realidade estava sendo esfregada na minha cara! Era a única forma de impedir que continuasse à me transformar na rainha do drama a cada opinião diferente da minha. Hoje, prefiro admirar as pessoas que não foram sutis ao explicitar o que pensávam e sentiam à meu respeito, elas foram sinceras, pensaram em si e desconsideraram minha possível reação após o vômito de idéias.
Essas pessoas até nos assustam, principalmente por sustentar sua opinião e não voltar atrás por achar conveniente, ainda mais hoje, que estamos acostumados a precisar de microscópios, cada vez diminuimos mais a parte emotiva aumentando a racional. Comigo é em tamanho real... sou isso que estão vendo, o pedaço bom e o podre, escancarado, à olho nú.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

A origem

Contrariando o sistema e minha geração, ouso afirmar que o capitalismo nos foi imposto, o que pra mim não o distancia nem um milímetro de uma ditadura. Nos tornamos cada dia mais dependentes do dinheiro e isso me causa repulsa! Esses dias mesmo estive a me perguntar quem haveria tido a brilhante idéia de atribuir valor fictício a uma pepita de ouro apenas por ser um metal raro de longa durabilidade, leveza, resistência e multi funcional. Por que supervalorizar uma matéria prima em especial quando o comércio se estabelecia através de escambo? Cada comunidade produzia o essencial e a troca beneficiava à todos pela variabilidade de alimentos. O trabalho em contato direto com a terra nos aproximava de nossos instintos valorizando a natureza de forma a perceber que se usada de maneira sensata, continuaria a nos servir. O tempo vago, as perguntas sem respostas e tudo que ainda havia para ser descoberto, ativaram na mente humana sua exclusiva capacidade de pensar...pois é, pensamos errado. O sistema voltado para a sociedade mudou o foco! Pra que trocar se podemos vender? Vender e trocar por ouro e o ouro trocar por algumas notas! Notas que poderiam nos dar mordomias, satisfazer caprichos, alimentar nossa futilidade. Enquanto foi assim, tudo bem; cada um faz o que quer com o fruto de seu trabalho, mas e quando ter dinheiro se tornou essencial para que se tivesse saúde, moradia e vestimentas? E quando foi primordial para sobrevivência? O trabalho de um pedreiro vale menos que de um engenheiro, não discordo, é o que chamamos mão de obra qualificada e infelizmente, essa é minoritária. O tempo e o dinheiro investidos na capacitação desse profissional devem ser recompensados, é provável que tenha estudado em boas escolas que o prepararam para entrar na disputa por uma vaga em alguma universidade pública, fazendo com que economizasse o dinheiro da pós- graduação, mestrado, doutorado e por aí vai. Só se capacita quem tem dinheiro, só ganha dinheiro quem é capacitado. Ou você nasce rico ou corre, tropeça, cái e levanta repetidas vezes se esforçando para resistir à tentação do dinheiro fácil proporcionado pela ilegalidade. Sejam bem vindos! É esse o sistema. A classe alta e média vive constantemente na corda bamba, e a classe baixa? Essa está boiando no esgoto da miséria, beirando o desespero que faz com que a mesma se volte contra as demais através da violência. Essa é a tal guerra civil que fala o noticiário. E quanto aquele vídeo sensacionalista em que aparece uma criança definhando por fome e sede? Ah, não! Não feche os olhos, aprecie a cena, deixe-se angustiar um pouco, talvez isso te torne mais humano. Um país que empresta milhões para o FMI não se dispõe a por fim nessa agonia! Mas também, pra que não é mesmo? O que significa uma vida perto da economia de uma nação? Isso é o que o sistema faz, prioriza o dinheiro ao invés da vida... não se iluda, é com o mesmo descaso que ele trata a sua. Qualquer ser pensante tem essa consciência, ainda assim o mundo se divide entre uma maioria que sonha em fazer parte da alta sociedade, ter status, carro importado, ser famoso e reconhecido, enquanto a minoria se isola buscando encontrar sua auto evolução. Há os que optam por comprar um apartamento em Nova Iorque e os que buscam ter por uma noite, aonde se abrigar. Quem adore comida congelada e quem sinta prazer em escolher algumas folhas de alface na pequena horta que cultiva em seu quintal. Há quem aprecie "tapa- ouvidos" para dormir e quem durma apreciando o silêncio de seu retiro. Quem pague uma bela quantia pela sensação proporcionada pela aquisição de bens materiais e quem daria tudo que tem apenas pra estar longe daqui. Há quem acredite que estar ou não usando a calça da moda é o que define sua posição no mundo e quem entenda que roupas são para proteger nossa pele e impedir que sejamos presos por atentado ao pudor. Há quem pense que unhas, cabelo, tipo físico e maquilagem sejam fundamentais para que seja aceito e quem conclúa de forma racional quais são as reais funções desses itens em nosso corpo, falo das úteis. Há quem use a internet para ler algumas besteiras e me ache hipócrita e falsa moralista por fazer apologia ao socialismo e ainda assim estar aqui, digitando em um moderno notebook, mas há também quem aceite sua opinião de bom grado por saber que leu até aqui, obrigada. Sou maluca, sou excêntrica! Não quero ar condicionado nem aquecedor...Quero deixar que meu corpo regule sua própria temperatura em um clima ameno. Não quero chuveiro nem energia elétrica...Quero a água de uma caldeira, quero a luz do sol.
Quero o cheiro do café feito no coador, quero o pão caseiro. Quero o canto do galo de manhãzinha me tirando de um sono tranquilo pra sonhar acordada no que seria o desejo de qualquer um, não se preocupar, só sentir. Não quero pagar impostos para ter a proteção do estado e seus serviços ineficientes. Não quero ser cidadã apenas para colaborar com o que discordo e existir como um número à compôr estatísticas. Eu não quero, mas e ai.. o sistema me dá outra opção?
Ah, claro. Ser presa agora ou depois! Muito prazer, sou uma escrava do sistema e meu dinheiro não serve pra comprar a carta de alforria. Há quem acredite que a solução para os problemas da humanidade esteja na conclusão de um processo evolutivo em andamento, como podem ser tão tolos! Não entenderam ainda...não vêem que estamos na direção errada? A ganância e o materialismo do corpo é forte demais para lutar com a alma. Será preciso que cheguemos ao caos pra perceber que andar pra frente não necessariamente seja da forma que temos feito? Devemos buscar nossas origens! Nossa terra natal, nossos pais, o primeiro colégio que estudamos, o primeiro beijo...O início de tudo é o caminho e é pra lá que eu vou. Quem sabe não encontre no homem primitivo características que busco até hoje, a verdadeira evolução.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O meu amor, é meu.

Uma vez disseram-me que não me diminuisse pois era muito, aceitei o conselho. Tudo que sinto, torna-se um fato. Para mim, uma das frases mais consoladoras para casos perdidos é a que diz: "Ele não te merece", pois nos coloca em uma posição de certo e errado quando não há conexão alguma entre as situações. Não é uma questão de merecer, querer e sim de ser ou não capaz de retribuir o sentimento, isso independe da nossa vontade. Sei o quanto posso amar alguém e o que sou capaz de fazer pra que sejamos felizes, juntos ou não. Talvez seja essa a diferença que faz de um amor imenso, não doentio. Amar não deve nos fazer mal, nem a pessoa amada e menos ainda aos demais envolvidos. Se quero, desejo ou adoro, isso é só o que sinto. Se concordam ou não e o que pensam a respeito é irrelevante. Se amo, não há quem possa negar... não está mesmo em nossas mãos. Se um dia pensar que não existe mulher no mundo que consiga ser passiva para o que possa afetar negativamente a relação e ativa para qualquer coisa que signifique o contrário, que esteja sempre à seu favor separadamente e que goste e queira estar com você ainda que pra viver de uma forma não convencional, esqueça; pensou errado. "Dizem que os anjos são invisíveis, humanos também quando amam." Nem sempre encontraremos reciprocidade pela vida, ao não sermos correspondidos no amor, na intenção, no favor... não importa! Eis o que devemos nos tornar, seres humanos invisíveis como os anjos. Nos afastamos para observar de longe, de cima. Pedimos saúde, proteção, desejamos coisas boas e torcemos pra que tudo dê certo. Se a cada porta fechada enchêssemos nossos corações de amor, saberíamos multiplicá-lo para assim borrifá-lo por todos os cantos atraíndo esse mesmo bem desejado de volta pra nós. É difícil levar um "soco na cara" e sorrir carinhosamente... quem disse que seria simples? Não, não é; mas posso lhes garantir que vale a pena.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Sinto, logo sou.

São duas as coisas que mais repreendo na sociedade que faço parte: A necessidade de julgar e condenar os demais sem ao menos se preocupar com o que poderíam estar sentindo, desconsiderando os motivos que os levaram a agir de tal forma e a maldita hipocrisia ao dizer que naquela situação, faria diferente. Ainda assim, caso precisem expôr para o mundo como se posicionam diante de uma atitude minha, tudo bem... lhes dou duas opções para que tenham esse direito. O dia em que não mais estiverem presentes em corpo físico, pois do contrário, sendo meros civis, pobres mortais, a chance de situações inusitadas e constrangedoras acontecerem conosco são as mesmas. A segunda é ainda mais simples! Quando o aparente impossível o deixar de ser, que se torne um ser humano perfeito. É uma pena que tenhamos nos conformado em pensar tão pequeno... percebam que me inclúo nos que estão sendo aqui criticados, o que nos difere é que tenho essa consciência. Muitos talvez tenham receio em dizer, mas sei quem sou.
Sei minhas qualidade e meus defeitos que admito ser capaz de mudar. Sei tudo o que posso ser se as circunstâncias permitirem e posso lhes garantir: é muito. Se por aqui vou ficando, vale um conselho: O silêncio é sempre a melhor opção ao invés de demonstrarmos o tamanho de nossa ignorância. Hoje, preocupo-me senão em diminuí-la, não intensificá-la... Jamais permitirei que falte em minha vida aquilo que faz acelerar o coração! Não temo o desconhecido, quero experimentar, ainda que precise de dor e lágrimas para que no final, possa enfim... Sorrir.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sobre mim

-Oi gente, boa noite!
-Oi.
-Quer que eu feche o vidro do carro?
-Não precisa, obrigada. Mas, por que?
-Pro vento não bagunçar o seu cabelo, toda mulher reclama disso.
-Ah, sim. É que estou longe de ser como toda mulher.
Pronto, fui fazer graça e cheguei na boate parecendo um filhote de leão desnutrido. Apesar do penteado nada usual, tenho certeza que essa afirmação foi fundamental para o desenrolar dos fatos no restante da noite. O problema dos outros é generalizar e o nosso, é deixar que isso aconteça. Cada pessoa é única e faço sim questão de mostrar em que aspectos sou diferente da maioria. Me preocupo em ganhar tempo, detesto futilidade e não me importo com o que os outros possam estar pensando de mim. Tento demonstrar de maneira simplista como sou, cada um entende da forma que achar conveniente, se entender da forma errada, puxando para o negativismo, sinto muito; é realmente uma pena, mas não vou arrancar os cabelos por isso.
Como qualquer pessoa não gosto de ter inimigos, então procuro me agradar sem prejudicar o próximo, nem sempre isso é possível, entre agradar a maioria e me satisfazer, sem dúvidas escolho a mim.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O meu, o seu, o nosso super ego

Eu não via a hora de poder escrever sobre isso! Deixei passar um tempo para que não ficasse tão explícita minha revolta. Preste atenção, pois falo em meu nome e também dos fracos e oprimidos desprovidos de coragem. (rs..)
Dentro de nós existem vários personagens!
A criança inocente e sonhadora. O moleque hiperativo com as canelas cheias de hematomas. A menina introvertida, que fica horas sozinha tomando chá com sua boneca. O adolescente rebelde que se diz incompreendido pelos pais. O bom menino, livre, despreocupado e muitas vezes irresponsável. O adulto sério, que trabalha de terno e gravata e praticamente morre aos finais de semana. A menina engajada e preocupada com o futuro da humanidade. O idoso experiente e sábio, mas desprezado pelos netos. A morena puritana, a loira promíscua. A mulher de pulso, forte, decidida e a outra confusa, carente e insegura. Não me interpretem mal, por favor...vale dizer que assim como a bondade, a maldade também habita o ser humano; então, mesmo que em menor grau, se existe a pomba branca da paz,também existe o "Serial Killer". Tem aquele(a) que segue à risca as regras da sociedade e se comporta como todos esperam, que nega seus desejos e vontades por medo de se tornar polêmico(a), ser o alvo de fofocas e estragar sua reputação. Aquele(a) que se anula para tentar protagonizar a impossível "Vida Perfeita", enquanto os abutres o(a) observam, torcendo para que cometa algum deslize e então, posssam devorá-lo(la) sem pena. Existe também aquele que carinhosamente chamarei de Boquinha -de- mel (fazendo uma alusão ao personagem do livro "O vendedor de sonhos"). Ele é feliz, divertido, excêntrico, o famoso maluco beleza; aquele que não faz mal nem a uma mosca. Só faz o que quer e o que tem vontade, desconhece regras e padrões ou apenas os ignora, não tem a intenção de magoar ninguém e sim de se agradar, o que às vezes ocasiona o fato anterior. Todos eles ficam detidos em nosso subconsciente, nossa personalidade; existe um portão de ferro que os mantém limitados naquele espaço; as chaves do cadeado ficam sob nossa responsabilidade e se esse limite existe, é para nossa própria segurança. "A selvageria é um estado de completa consciência. É por esta razão que precisamos dela." (Gary Snyder) Quando dotados dessa consciência, filtramos quais características de cada personagem deve sair, existem vantagens e desvantagens, às vezes uma compensa a outra. Ao perdermos essa membrana seletiva e deixarmos que as combinações sejam feitas de forma aleatória, podem se tornar desastrosas. Nosso corpo não é nada sem nossa consciência, por isso ao ficarmos bêbados ou drogados, agimos contra nossos valores pré estabelecidos. Não estou fazendo apologia contrária a frase: "Sexo, drogas e Rock'Roll"!
Sexo que antes era apenas para fins de propagação da espécie, hoje em dia além de sinônimo de prazer, virou uma verdadeira zona, fazer o que. Quanto à questão das drogas, prefiro não opinar a respeito de sua legalização pois não estudei os prós e contras; mas existe uma frase muito interessante de um comediante chamado Dennis Miller, que em seu livro "Rants", brinca com essa parte de nós que anseia em se dissolver na luz: "(...) Você nunca vai impedir a necessidade humana de liberação por via da consciência alterada. O governo poderia retirar todas as drogas do mundo e as pessoas girariam ao redor de seus gramados até que caíssem e víssem Deus." Faz sentido. O álcool por exemplo, dissolve o super ego, o senso crítico, nos deixa "sem noção"; permitir que o mesmo atinja um nível que comprometa sua integridade mental, é deixar o portão escancarado. Se você fica bêbado em uma festa, os sóbrios ou menos alcoolizados que você, enxergam o seu corpo, usando seu nome e assumindo assim, sua identidade; é óbvio que quem estava alí não era você, e sim o boquinha -de- mel, gozando a plenitude de sua liberdade!
No dia seguinte, além da dor de cabeça causada pela desidratação, você terá que enfrentar o julgamento dos que estiveram presentes ao espetáculo, do vizinho que o viu chegando com a camisa vomitada às 7 da manhã, dos seus pais, da sua namorada ou talvez, ex namorada, dos seus amigos... e etc. Sabe o que me deixa furiosa e ainda assim, triste e decepcionada?
Todos os que citei, sem excessão, são seres humanos assim como você. Estamos no mesmo barco, as chances são as mesmas. Seria esperar demais que as pessoas soubessem separar as coisas, elas só compreendem quando acontece com elas, falo por mim. Espero que hoje em dia, seja capaz de compreender o que escrevi aqui...disso tudo, tirei uma lição:
Se não somos capazes de perdoar o erro de um semelhante, logo não somos merecedores de acertos. Gentiliza gera gentileza, essa é famosa não é? Quer outra? A oração de São Fransisco de Assis, a que cantávamos no dia de ação de graças, lá nos tempos de escola!
"...Oh mestre, fazei que eu procure mais.
Consolar, que ser consolado.
Compreender, que ser compreendido.
Amar, que ser amado, pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se nasce para a vida eterna."
*Nossa! Fiquei até arrepiada... cantava por obrigação nas festividades acadêmicas, não havia notado como é bonita!
Algo que já foi dito por pensadores da antiguidade, por Jesus Cristo, se duvidar até os dinossauros sabiam e agiam corretamente!
E olha que o homem é o único ser racional da terra... é mesmo, somos os únicos! êta bichinho burro!

sábado, 2 de maio de 2009

Sonho consciente, pesadelo.

(Escrito no final do mês de março, não me recordo o dia.)

Essa madrugada presenciei de minha janela a duas cenas pra mim, chocantes; tamanha a animalidade e violência. Formulei uma frase inconscientemente e a fico repetindo, como se algo ou alguém quisesse que eu a interpretasse; quem sabe assim desapareça e me deixe em paz! Por conta disso não dormi essa noite. Enquanto alguém aos prantos grita por socorro no meio da rua, assisto a tudo e ainda tento esconder meu rosto entre as frestas da persiana para que não seja vista, deveria ser por vergonha. Ouço um pedido de ajuda e me escondo? Isso é omissão. Testemunhar uma injustiça e não denunciar é ser cúmplice, que também é um crime. Se perdi o sono, tive pesadelos e agora choro por estar angustiada é porque cometi parte dessa injustiça. Alguém de tantas palavras, ficou em silêncio. Meus sentidos estão tão aguçados, que só meu coração bater já faz com que perca o equilíbrio e me desestabilize, o sangue ao percorrer meu corpo faz formigar. Essa noite pensei muito em meus pais, senti saudades e me preocupei, pois temo por sua segurança; sei que não é muito, mas estando aonde possa vê-los e tocá-los, os tenho protegidos. Agora mais próximos, nossa ligação é maior... como se separados perdêssemos nossa força e juntos, fôssemos capazes de qualquer coisa. Sinto orgulho por pensar assim. Sinto, logo sou e não devo me omitir; sinto por ontem, sinto culpa. Sou como uma máquina que trabalha à todo vapor, e se sinto... é porque estou viva.

Situação: Estamos sonhando e sabemos disso.
Reconhecemos nossos desejos, temos controle sobre nosso cérebro, mas o corpo parece se negar a responder aos impulsos. Tentamos nos mecher e nada acontece. O desespero chega. O coração acelera. O medo é tanto que já não conseguimos pensar em como sair daquela situação. Queremos acordar e o corpo não obedece, estamos presos. Pensamos em chamar alguém, gritar, mas a voz sái baixinho, fraca... desse jeito não vão nos ouvir. Mesmo se alguém passasse por nós não notaria, essa voz representa apenas nossa intenção em emitir som, para quem nos olha de fora, estamos serenos, dormindo como verdadeiros anjinhos; sabemos disso pois conseguimos nos ver na cama, acompanhamos nossa agonia pelos dois lados, personagem e espectador.
* Já teve um sonho assim? Quando tenho, é pesadelo. Sonho só é sonho quando se difere da vida real, quando somos passivos em um mundo fictício criado pelo nosso suconsciente, estar consciente nesse mundo é assustador. Nos poucos minutos em que consegui dormir na noite passada, tive um desses. Talvez por ter ficado impressionada com o que vi e por desejar que meus pais voltassem pra casa, sonhava que isso acontecia. Ouvia barulho de chave na porta e duas pessoas conversando, tentei chamá-los e nada. Senti que um deles caminhava até o quarto, pelo andar era meu pai; o chamei diversas vezes, tentei lhe estender a mão, me esforcei para abrir um dos olhos e confirmar se era mesmo ele e só consegui ver um vulto, no auge do desespero gritei "Socorro" e a voz saiu, tão alto que acordei comigo mesma; alguns milésimos de segundo depois, meu rádio toca, era meu pai. Ele havia acabado de ver uma mensagem minha enviada na noite anterior e por isso ligou, eu estava nervosa, a voz trêmula, mas tentei lhe passar tranquilidade, lhe contei o que havia acontecido na madrugada, contei sobre o sonho e desligamos; não sei o que aconteceu comigo, acho que a adrenalida passou, o sangue esfriou... desabei, chorei de soluçar como uma criança. Enquanto o chamava no sonho, ele pensava em mim; aconteceu simultâneamente, me tirou de um pesadelo! Fizemos contato, sintonia telepática... bem querer, cuidado, amor entre pai e filho; é claro que um sentimento é forte o suficiente pra gerar um acontecimento desses. Existe uma ligação muito forte entre nós, apesar de discordarmos em alguns aspectos, somos bastante parecidos... acho que sei porque chorei. Tive uma experiência surreal, como um lindo sonho acordada... desabei após ouvir a voz que mais precisava naquele momento, a mesma voz que ouvia quando ainda estava no útero da minha mãe, que me acalmava cheia de carinho, que me fazia sentir querida; desejada... porque não disse o quanto o amo ao telefone? Não sei, talvez por ainda existir uma barreira que criei para que a hierarquia fosse respeitada... não é preciso mais, eu cresci. O respeitaria primeiramente por ser um ser humano, depois por ser mais velho que eu, por ser meu tutor e por aí vai. Não o respeito pelo fato de ser meu pai e nem o amo por esse motivo, já amava antes, muito antes... antes mesmo de estar aqui, talvez há milênios atrás, quando o escolhi e fui escolhida. Para hoje, dividirmos nossas vidas, aprendermos um com o outro, cuidar e ser cuidados; ele me acompanha em todos os lugares e dimensões. É parte fundamental em minhas missões, sinto que nessa... mais ainda. Siga o conselho do texto de Mary Schmich," Filtro Solar":
"Dedique-se a conhecer os seus pais. É impossível prever quando eles terão ido embora, de vez."
Não consigo nem imaginar a dor de perder minhas raízes...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Insensíveis do tempo

(Esse texto foi escrito durante minha mudança para Teresópolis.)

Então, tenho uma pergunta: Descer a serra de Teresópolis pro Rio em um carro fechado, com o ar condicionado ligado ou na cabine de um caminhão com os vidros abertos, sol escaldante e vento morno no rosto em uma temperatura de aproximadamente 35° C com o veículo em movimento? Se ainda tenho dúvidas? Claro que não! A segunda opção é indiscutivelmente melhor. Fiz isso hoje e durante a viagem pude pensar em milhares de coisas, como por exemplo, o significado da palavra conforto; posso afirmar que não é tão provedor quanto parece. O conforto do carro faz com que fiquemos em silêncio, já que o som está ligado, não há diálogo. O ar condicionado não permite que haja corrente de ar, que o mesmo se renove. O fato de deslizar na pista nos dá estabilidade e no vai e vem da serra, fechamos os olhos e caimos no sono; ainda que sonhássemos com o paraíso não seria válido, pois ao abrir os olhos, veríamos o quão próximos estamos de lá. Hoje eu olhei, ouvi e senti com todas as partes do meu corpo! Sem o rádio pude ouvir os ruídos dos caminhões na estrada ao passar por mim, enquanto sacudia, pude sentir a potência do motor, o frear, as engrenagens ao trocar de marcha, as rodas em atrito com o chão... coisas que normalmente não percebo. Talvez por estar com meus sentidos aguçados, a paisagem e tudo o que existia lá fora me parecia extremamente convidativo, não conseguia desviar o olhar das árvores, das flores, da cor verde em contraste com o céu azul e as nuvens brancas... estava um dia lindo! O teto do caminhão tinha uma abertura para ventilação, que posicionada à favor do vento fazia com que folhas secas entrassem na cabine. Éramos surpreendidos por elas como um tapa na cara devido a velocidade em que estávamos, ao invés de ficarmos irritados e fecharmos os vidros, fizemos daquilo uma brincadeira, sorríamos e as devolvíamos para a estrada a espera de outras. Vejam só, folhas secas... nem me lembro quando foi a última vez em que toquei em uma. Todos os dias ao passar por determinados lugares, sempre com pressa e devidamente vestidos com nossos sapatos de couro ou tênis da moda, pisamos nelas e ouvimos o "crack", essa deve ser a única lembrança que temos do que ela é; isso quando não estamos surdos para o mundo por estarmos ouvindo música no mp3. Quantas pessoas hoje em dia não se recordam da textura de uma folha, se é que um dia souberam! O conforto nos agrada, mas na verdade o que ele faz é nos privar; antes de situações extremas como sentir muito calor, muito frio ou ficar horas sentados em cadeiras nada anatômicas. Agora, o conforto nos priva de ver, ouvir... nos priva de sentir. Já não sei quando foi que deixei de sentir... acho que o que chamava de "perrengue", foram os momentos em que tive chance de experimentar a sensação maravilhosa de hoje, simplesmente me fundi com todos os eventos que aconteciam simultaneamente ao meu redor, por alguns instantes fiz parte de uma orquestra que toca alto e que o dia a dia nos fez parar de escutar. Quando penso que já vi de tudo, descubro o quanto ainda desejo me surpeender. Aonde estou agora? Deitada na varanda do meu apartamento vazio na Ilha do Governador; achei que seria um bom lugar para deixar que meus pensamentos viessem à tona em forma de palavras... não poderia imaginar que daria tão certo.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O passado está entre nós

Já que o post anterior foi sobre ler, vou aproveitar a deixa para continuar a incentivá-los! Fui escolhida por mais um pingente de ouro entre tantas bijouterias, estou à três capítulos do fim e já sinto saudades. Durante minha mudança perdi coisas importantes, encontrei outras que havia perdido há anos atrás e descobri algumas que nem sabia da existência. No meio dos livros escolares, provas antigas, bilhetes e fotos, encontrei algo com um título estilo "Mãe Dinah". Parecia ter retornado de uma guerra! Cheio de orelhas, rasgado e amarelado... quando o segurei em minhas mãos, sorriu; eu sou manteiga derretida pra essas coisas, senti alí que ele havia me escolhido. Esse livro pertencia a minha mãe e teve sua primeira edição em julho de 1999; chama-se Vida Psíquica, do escritor americano Andrei Ridgeway. Ainda não havia lido nada sobre esse assunto, mas comecei a me interessar assim que observei a lógica do prefácio, acompanhe comigo. Hoje em dia, ao invés de reagirmos à vida instintivamente, através do corpo, temos aparelhos que o fazem por nós. Antigamente, todos os seres humanos só podiam contar com seu instinto para sobreviver; se precisassem encontrar novas ervas para um tratamento, deveriam se deixar orientar através da floresta até a fonte apropriada, em uma caçada, deveriam seguir os impulsos que surgiam em seus corpos, as mensagens sutis que o conduziriam até sua presa; era necessário estar sempre alerta às vozes que o orientavam. Com a televisão, o computador, video games, nossas habilidades psiquícas não são mais exigidas e retornaram ao subconsciente; na maioria das culturas primitivas, poderes como a telepatia (transmissão de pensamento) e a projeção astral (sair do corpo enquanto dorme) eram tão comuns na vida cotidiana quanto a comunicação verbal é hoje, o que enxergamos como uma evolução, paranormalidade, "esquisitisse", nada mais é que nossos talentos obsoletos. Faz ou não faz sentido? Bom, fez pra mim. Eu estava interessada, estava gostando, mas... precisava de algo mais concreto para assumir meu novo caso, meu companheiro nas madrugadas. O capítulo seguinte denomina-se "A criança sagrada" e se inicia com a seguinte frase de Pablo Picasso: " Eu não desenvolvo. Eu sou.", fiquei intrigada. Preparem-se e pasmem. "Chegamos ao planeta totalmente conscientes. Nossos sentidos ainda estão em contato com o espírito; podemos ver em todos os lugares, ouvir todas as coisas, interpretar exatamente o que está acontecendo ao redor, em muitas dimensões ao mesmo tempo, sem nenhuma barreira intelectual a restringir nossa mente. Se pudéssemos falar durante o primeiro ano de vida, seríamos capazes de revelar todos os segredos do lugar de onde viemos, ainda sentíamos a pulsação do nosso objetivo de vida, ela se agitava em nossas células... "Sei porque estou aqui", essa emoção nos percorria o tempo todo. Sem dizermos nada, abríamos o coração das pessoas, nos comunicávamos com o mundo em silêncio, por emanações de sentimento que transcendiam as palavras, se os recém nascidos pudessem conversar, o mistério do ser humano desapareceria." É ou não é fantástico? Agora me diga, em que momento do seu dia teria espaço para um assunto como esse? Digamos que alguém que acabou de conhecer começasse a falar tudo isso, vai dizer que não daria um jeitinho de escapar desse maluco? Vamos lá! Não seja hipócrita, não se tráia... não sinta vergonha em assumir, é isso que te torna diferente dos demais, os que o vendedor de sonhos chama "Normais", membros da sociedade moderna que formam o manicômio global; eles mentem, atuam, diriam que não; que ficariam alí ouvindo tudo com a maior atenção porque gostam de aprender sobre coisas místicas e esotéricas, tá bom.. acredito. Enfim, em determinada parte o livro diz que devemos prestar atenção aos sinais que nos são enviados, e não ignorá-los. Já disse Robert Bly: "Quando a coisa certa acontece, o corpo inteiro sabe", então não venha achar que estou ficando paranóica, filosofando...Desse meu jeito louco, tenho encontrado razão para as coisas boas e ruins que me acontecem, estou em paz e feliz; aprendi a mirar meu amor no alvo certo! Mas, ainda que estivesse enxergando mistiscismo em tudo; sejamos realistas... isso não faz diferença alguma pra você, então não seja ranzinza e deixe-me com minha pequena criação de "nóias", elas me fazem bem! O dia em que deixar de questionar o mundo...Por favor, pergunte a algum conhecido a que horas meu corpo será velado e certifique-se que seja na capela D, ao lado da cantina; pois alí está sempre cheio de gatos e eu adoro gatos. Droga! Não perco essa mania de me extender... aonde estava? Ah sim, os sinais! Vamos à eles! Gosto de ouvir música enquanto estudo, só não havia encontrado um ritmo favorável ao momento... até que recebi um sinal! Estava sozinha (e dessa vez sozinha mesmo, se é que pode-se considerar um felino de quase 10 anos de idade que mal olha pra mim uma companhia) no apartamento de Terê tentando estudar os estilos de época literários e escutando samba de raíz; já havia tentado com rock, pop, funk e até música clássica, simplesmente não estava fluindo. Deixei o quarto e fui até a cozinha beliscar alguma coisa, ao chegar no corredor percebi que havia um outro som a perturbar meu "bati cum dum"...mas, como? Estava sozinha em casa! Se alguém associou esse fato ao texto imenso do dia 27/03, acertou em cheio. No quarto em que minha avó ficava, havia um rádio relógio preto bem antigo...embaixo da cama! Alguém fez o grande favor de programá-lo para despertar às três da tarde! Pois bem, era Marisa Monte com sua voz aguda e angelical a se intrometer no batuque da minha roda de samba! Preciso descrever o que se passou dentro do meu corpo nesse momento? Um rádio liga sozinho, no volume máximo e o som vem do quarto de alguém que deixou seu corpo há alguns dias atrás!Minha frequência cardíaca só teve tempo de jogar uma água no corpo e foi nas alturas! Deu uma bitoca estalada na testa e desceu gritando:
- "Valeu hein, Vó! Brigadão!!"
Estudar depois do almoço, bate aquele soninho da maré alcalina... pra que café, se a gente tem alguém lá em cima pensando na gente? Esse era o susto que precisava pra despertar de vez para os estudos! E o sinal? Bom, deixei toda a modernidade da lista de execução do media player de lado e quem assumiu o microfone foi o radinho da vovó, sintonizado na JB FM, música e informação. Era esse o sinal. Não sei explicar, mas as sequências de músicas variadas, nacionais e internacionais, calmas e agitadas da programação, caíram como uma luva para que encontrasse o caminho da minha concentração. Se estou ficando maluca ou não, não ligo. Poderia estar em estado de choque até agora! Com medo de ficar sozinha, das assombrações... do rádio que liga sozinho, dos ruídos que as barras de ferro das janelas fazem estalando o dia todo devido a mudança de temperatura, mas não. Quis entender dessa forma, acreditar que foi assim. Quantas vezes vou ter que dizer que a verdade é aquela que a gente escolhe acreditar? É a nossa verdade. A mudança é de dentro pra fora, penso assim e meu corpo reage, tudo a minha volta acompanha o que criei. Enquanto pensarem que sou louca, continuarão frustrados. Todos temos uma certa dose de "loucura", a diferença é que a minha é visível.. e a sua? (Frase do livro O vendedor de sonhos) "O passado está entre nós esperando para ser tocado com novos olhos."

domingo, 5 de abril de 2009

Sorte de hoje

Esses dias li algo interessante na sorte de hoje do orkut: "Se quer saber o que vem pela frente, fale com quem está voltando", foi daí que surgiu o primeiro elo de uma corrente de idéias. Quando alguém se propõe a escrever um livro e publicá-lo, provavelmente acredita que o conteúdo do mesmo possa acrescentar a uma maioria, seja como experiência de vida ou apenas entretenimento; costumo dizer que as pessoas que cultivam o hábito da leitura tem algo a mais, são iluminadas, adquirem conhecimento sem gastar energia, são suas mentes que viajam longas distâncias, não seus corpos. Elas se misturam ao enredo, se identificam com um personagem e com ele passam por situações de perigo, medo, angústia, experimentam as mais diversas sensações: amor, desejo, saudade... vão de lágrimas e desespero à uma gostosa gargalhada, tudo isso às vezes em um único capítulo. Conheço pessoas maravilhosas, de defeitos assumidos e qualidades disfarçadas, mas poderia descrevê-las em algumas palavras... Gostaria que se tornassem indescritíveis! Que deixassem o desinteresse e a preguiça de lado e mergulhassem na arte atemporal e universal que utiliza a palavra como instrumento, a literatura. Ler é uma das atividades que mais ativa nosso senso crítico, percepção e sentidos. Alguns justificam a ausência do hábito pela falta de tempo, outros dizem ter "dedo podre" para a escolha de livros, nem sempre você vai amar o "Best Seller" ou concordar com tudo que diz o livro de auto ajuda que ganhou da sua sogra; vá a uma livraria, olhe as capas, as cores, tente se guiar pela intuição ou simplesmente deixe que o destino ou o acaso os taquem em sua cabeça! É bom que seja um bem pesado, pois isso de livro fino, letras garrafais e muitas figuras é coisa de gente preguiçosa ou criança; deixe que sua imaginação construa as imagens.(nada contra os ilustradores de livros infantis.) Comigo funciona assim, não escolho os livros que vou ler, são eles que me escolhem... Se tem alguém por trás disso, não sei; mas se tiver, vale dizer que o cara é bom. O melhor livro que li até hoje foi presente de natal antecipado, enviado pelo sedex por parentes distantes e eis o detalhe final: não era pra mim; eu e minha irmã havíamos ganhado livros, devorei o meu em poucos dias, mas estava babando e querendo mais! Quem não gosta de ler não liga pra livros, quem ama, se torna uma pessoa insaciável. O que minha irmã havia ganho estava pulando de gaveta em gaveta, triste, sozinho, sendo tratado com indiferença pela faxineira que nem mesmo lhe tirava o pó, a beira de um colapso quando enfim, me encontrou. Nos olhamos e um magnetismo inexplicável nos uniu, foi amor à primeira vista. Poderia deglutí-lo em um só dia, mas não queria que a história terminasse; na metade do livro, voltei e recomecei a leitura enchendo as páginas de pensamentos, comentários, bilhetes, anotações e o mandei pra Portugal com um amigo, um amor... para que lhe fizesse companhia durante os meses que estivesse fora, para que ouvisse minha voz em sua mente a cada observação, como se estivéssemos lendo juntos. Bom, para quem já esteve esquecido em uma gaveta e hoje está na Europa com um lindo rapaz, está bem demais! Ah! Para aqueles que tem o "dedo podre", aí está o nome do sortudo viajante: O Vendedor de Sonhos , Augusto Cury; e o nome do lindo rapaz? esse eu não conto. Preste mais atenção ao que as pessoas escrevem em seus perfis, comente, elogie se achar válido. Não tenha medo de dizer coisas boas à alguém, mesmo que não o conheça, não disfarce suas qualidades por receio de que as julguem como interesse ou falsidade, orgulhe-se delas. Essa atitude e o livro, eu recomendo. Mil vezes, recomendo.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Aqui jaz um corpo

Preparem-se pois aí vem um grande texto, em todos os sentidos!

- "Aqui jaz um corpo."
Essa era a frase que deveria estar escrita em todas as plaquinhas dos jazigos de um cemitério, pois é somente isso que somos quando não mais existe flúido vital, alma, espírito, chame como quiser. Sempre que passo por uma experiência nova em que aprendo algo, sinto necessidade de escrever e é por esse motivo que o assunto desse texto é o polêmico e misterioso: fantasma da morte; é sem dúvida o tema em que as mais diversas analogias se aplicam, mas tentarei me prender a uma linha de pensamento. Vamos nos tratar como aparelhos eletrônicos; para que os processos dentro de nós ocorram e exerçamos nossa função, precisamos de energia, desconectados de uma tomada, não somos nada; é mais ou menos assim que funciona. Acredito que estamos aqui com o objetivo de cumprir uma missão, sendo ativos e passivos de ações que servirão para nosso aprendizado e também daqueles que dividem conosco em suma a mesma essência, ensinar e aprender mutuamente; para isso ganhamos o corpo como nossa morada, um instrumento, uma embalagem perecível, orgânica, com data de fabricação e prazo de validade "indeterminado". É óbvio que tudo isso foi pensado, alguém tão evolutivamente superior que mesmo injustiçado, torturado e crucificado consegue perdoar e ainda dizer que nos ama, não deixaria por menos.
Apesar de indeterminado, sabemos que o corpo se deteriora em função do tempo, que é um fator previsível; mesmo as doenças e demais complicações que parecem vir ao acaso, tem sua razão de estar alí. Agora imaginemos o espírito como um ponto de luz e energia, nada mais que isso; é ele que ao entrar na máquina composta por sangue, órgãos, músculos, ossos, pele, cabelos e unhas, ou se preferir em um corpo, assume sua identidade, nome, aparência física, gostos e manias. Chamaremos o plano espiritual de biblioteca e o corpo, uma sala de estudo individual aonde ficamos para realizar uma espécie de prova, completar lições que nos permitirão acessar um nível superior... logo entenderá o porque. Esse ponto de luz e energia está reunido com outros milhares em uma biblioteca aonde acontecem palestras e debates sobre os mais variados assuntos, naturalmente de alguma valia para a alma, ou seja, nada fútil; como um curso extensivo, aonde se aprende em um longo espaço de tempo, talvez eterno. De vez em quando eles se separam, vão para as salas de estudo individuais completar suas lições, como em um curso intensivo, aonde o tempo é curto e a quantidade de informação recebida é maior e mais intensa, ao terminá-las, abandonam a sala e voltam a se unir aos demais. Pois bem, irei direto ao ponto em que quero chegar, faremos uma pausa nas analogias pois é chegado o momento de encarar a realidade e os fatos.
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Essa semana perdi um ente querido da família, minha avó que morava comigo desde que nasci.
Ela era diabética, havia perdido a visão (catarata), sofreu amputação dos membros inferiores (necrose tecidual) e já estava acamada há quase vinte anos... em novembro completaria seu 96° aniversário, mas antes disso, completou sua missão. Meu avô sofria dos mesmos problemas e veio a falecer em 1997 com 104 anos, com certeza teve uma grande lição à aprender. Desde pequena via o entra e sái de médicos e enfermeiros em minha casa, quando mais velha pude acompanhar alguns procedimentos, aprender sobre a área médica e descobrir minha paixão pela arte de cuidar, pela medicina. Quando meu avô faleceu estava internado no hospital, então não pude acompanhar seus momentos finais... nunca havia ido a um enterro, jamais havia chegado perto de um corpo sem vida, ainda mais de alguém conhecido, querido; era muito nova e não tinha nem metade do conhecimento que tenho hoje, mas uma coisa eu descobri alí, não tenho medo. Acho que ao lidar com a morte, meu interesse em saber mais sobre o funcionamento do corpo humano, minha vontade de aprender e descobrir a cura só aumentaram. Venho tentando entrar para a faculdade de medicina há alguns anos, sei que a área de saúde será uma benção pra mim, já quase desisti e voltei atrás diversas vezes, quando havia mudado minha opção de carreira definitivamente e já estava matriculada na faculdade de Odontologia do Rio de Janeiro, minha vida foi jogada em um liquidificador. Tudo mudou em questão de dias! Outro apartamento, outra faculdade, outra cidade. A cada passo no novo mundo a medicina era jogada no meu colo, estava impressa nas frases dos "outdoors", nas histórias dos livros que pegava para ler, no enredo dos filmes... vinha de páraquedas, de bondinho, surgia no meu caminho me fazendo tropeçar e da última vez, foi como um tapa na cara... e bem dado.

* Quarta-Feira, 25 de março de 2009
Já era noite e meus pais haviam ido ao Rio de Janeiro resolver alguns assuntos da mudança, estávamos apenas eu, minha avó e a enfermeira em casa, eu estava no andar de cima assistindo televisão. A ausência de pulsação foi detectada às 22 horas, mas somente às 22:15 fui comunicada pois a enfermeira custou a acreditar que aquilo estivesse acontecendo, logo naquele dia em que ela havia se alimentado bem, conversado e aceitado a medicação sem questionar... é o que chamam de "melhora da morte", como a última tentativa do organismo em reagir. Após a confirmação do óbito ela veio me chamar nos pés da escada, desci e a acompanhei até o quarto; chegando lá fiquei parada próxima a cama em silêncio, apenas olhando; era nítido e gritante o fato de não haver mais vida naquele corpo, os olhos haviam perdido o brilho, a face havia perdido a expressão. Podem até pensar que sou maluca, mas nesse caso, prefiro que me chame de excêntrica... jamais havia chegado tão perto de uma sala de estudos recém abandonada, de uma fantasia usada em um grande espetáculo, de uma embalagem com o prazo de validade vencido ou apenas de uma máquina desligada, mas com suas engrenagens ainda em movimento; o sangue ainda circulava, mesmo que devagar, a pele se mantinha corada, a temperatura do corpo ainda estava normal, mas começava a cair... eu precisava explorá-la, sentí-la, tocá-la; aquela havia sido a morada de minha avó e sei que não se importaria. Bom, passado o choque inicial: O que fazer? Chorar em cima de um corpo iniciando um estado de decomposição e posterior putrefação? Claro que não, seria no mínimo uma falta de respeito com aquela carcaça tão sofrida que foi instrumento de uso para nos proporcionar momentos felizes!
É hora de agir.
"Quanta frieza, Renata! Era sua avó, não estava triste?" Sinceramente, naquele momento não sentia nada. Permita-me uma correção: Não era minha avó, era o corpo dela. Ela não sumiu, não acabou, apenas abandonou essa sala e voltou para a biblioteca muito feliz, aprovada pra próxima fase... e eu, sinto orgulho dela por isso. Não vou gritar nem espernear! Saiba que a biblioteca tem as paredes de vidro, ela pode nos ver e nos ouvir...mas, não ultrapassá-las. Acha que vai se sentir bem vendo meu desespero sem poder me consolar? Acha que quero ser uma "estraga prazer" justo nesse momento em que ela concluíu mais uma etapa? Eu devia comemorar! Sentirei falta da pessoa dela e isso só prova que o que fez enquanto esteve aqui foi importante, e ah... não é frieza, é necessidade de atitude, sensatez, racionalidade... chame de sangue frio se quiser. Liguei para os meus pais e dei a notícia, em seguida acendemos uma vela em sua homenagem, pela missão cumprida. Achamos interessante que a deixássemos em condições visualmente agradáveis, sabíamos o quanto era vaidosa com aquele corpo. Fizemos o asseio, trocamos sua roupa, penteamos seu cabelo, amarramos seu queixo com uma tala para que ficasse com a boca fechada e posicionamos suas mãos acima do colo... tudo isso com muita calma, segurança, carinho e respeito. Enquanto a vestíamos, mantínhamos o mesmo cuidado de quando ainda habitava aquele corpo para não machucá-la... é difícil se acostumar; ao apertar a tala, disse à enfermeira:
- Pode apertar bem, ela não está mais aí dentro, não vai sentir. Ainda brinquei:
- Se a deixarmos ir ao funeral com a boca murcha, ela vai dar um "Pití", vai por mim.
Minha avó já teve muitas enfermeiras, mas devo admitir que essa última foi um presente do destino, o melhor anjo da morte que poderia existir... ah sim, esse anjo tem nome, é Dilma. Enquanto esperávamos meus pais, nos sentamos junto ao corpo na cama e conversamos; sobre a vida, o espiritismo, nossos valores hoje em dia e constatamos o quanto somos materialistas.
Enxergamos o interesse, ao invés da intenção. O dinheiro, ao invés do caráter. O status social, ao invés da personalidade. A perfeição dos dentes, ao invés do sorriso. A cor da pele, ao invés de um ser humano. Ninguém me olha e vê um espírito em evolução, um ponto de luz e energia habitando um corpo, pois não é concreto, não podemos tocar. Precisamos de mais pra acreditar, somos materialistas até nesse ponto. O que vêem é uma sala de estudos chamada Renata, cabelos e olhos castanhos... enxergam a marca da roupa que visto, minha situação financeira, se falo de acordo com a norma culta, se tenho o carro do ano, se me comporto de acordo com as leis impostas pela sociedade ou não. Isso aqui é só um corpo! Vai virar comida de inseto e cheirar a coisa podre não importa quantas plásticas tenha feito, quantos perfumes e bolsas tenha comprado. Se não trabalharmos a mente, o coração, a bondade, vamos repetir o mesmo nível durante muito tempo, a cada vez que isso acontece, a lição se torna mais sacrificante. Quando temos um derrame e perdemos o movimento dos membros, a visão, a fala, digo que nos tornamos prisioneiros de nossa morada, a mente de um velhinho de olhar distante em uma cadeira de rodas está a mil por hora, mas o corpo não o deixa interagir com o ambiente, essa é uma dura lição, ser apenas espectador... ver coisas boas e não ser capaz de fazer um elogio, coisas ruins e não poder denunciar, ser impotente, esse sabe o quanto o corpo precisa de uma mente para estar de fato vivo e vice versa. O corpo acaba, o ponto de luz e energia não! Com o avanço da medicina conseguimos burlar as leis da seleção natural, atrasar sua ação. Quer fazer sua lição de forma pacífica? Cuide de sua morada. Isso te dará tempo para resolver as questões com calma, apagar e tentar de novo, quantas vezes achar necessário e sem pressão. Não fume, não consuma álcool em excesso, não se drogue e não se arrisque. Alimente-se bem, beba bastante líquido, tenha uma rotina saudável, pratique esportes e tudo aquilo que nós dois já sabemos.
Se fizer tudo isso, for uma boa pessoa e ainda assim aos 30 anos for atropelado por um ônibus enquanto ajuda um deficiente visual a atravessar a rua, fique feliz! Você já havia terminado o dever de casa e estava só esperando o sinal bater para deixar a sala, ainda fechou com chave de ouro, fazendo uma boa ação. (não sei se deixei claro, você morre e o ceguinho sái ileso; e é claro que a companhia de ônibus e o motorista saem impunes, estamos no Brasil.) Não gostaria que os que tiveram paciência para ler até aqui precisassem ficar "marcando passo" e sofrendo nessa fase. Dê menos valor as coisas materiais, carros, dinheiro, computador...dedique-se menos ao consumo do que é irrelevante. Cuide de sua saúde, seja generoso, aprecie a natureza, faça o bem! Diga mais sim do que não, faça alguém sorrir... ou apenas, sorria pra alguém.
Existe tanto pra se viver, conhecer, experimentar!
Nomes para se chamar, mães e filhos pra ter, amores para viver... que seja um em cada sala ou o mesmo em todas elas. Temos tantos corpos pra habitar, histórias pra protagonizar! Vá até o fim, zere esse jogo e vá descansar num paraíso que pode ser do jeitinho que imaginar, o meu por enquanto é estar aqui, nessa pequena sala de 1,58cm de altura... fazendo a minha lição. (e vê se não me desvia o foco, tentação danada! rs..) Não posso lhe garantir que realmente funcione assim, mas se faz sentido pra você tome-o como verdade, a sua verdade. Faz pra mim. De onde acha que vem as frases: "Fulana era um anjinho, sem pecados, tão jovem... morreu cedo." ou "Aquele alí vai viver anos e anos, vaso ruim não quebra!", sabedoria popular? Que nada! Pura sorte de principiante, isso aqui ainda vai longe...

* Sei que é difícil, mas tente não questionar o "porque" da morte de alguém querido, do abandono da sala em que estudava. Ele terminou sua lição e não foi simples, concluíu seu trabalho, passou para uma nova etapa, melhor, superior...sua vitória e descanso eterno é mais que merecido, é justo. Não é preciso que estanque suas lágrimas, mas sim que acalme seu coração pois o desespero não honra quem partiu. Não sei deixe mergulhar num vácuo existencial pois assim estará deixando que essa pessoa morra no único lugar em que deve permanecer...dentro de você. =)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Pra Sempre, nem sempre...

"Meu amor..."
Parece efusivo falar assim não é?
Acredito que o sentimento possa acabar como consequência de uma ou diversas atitudes da pessoa em questão, acredito também que possa se intensificar, crescer ou apenas estagnar, mas não desaparecer em função do tempo... não o meu. Ele não precisa permanecer intenso constantemente, é como uma estrela que hoje brilha forte e amanhã nem tanto, mas está lá. Guardado, inativo, não pulsante. Sempre me lembro, mas nem sempre me sinto da mesma forma. Costumo dizer que não são todos os dias que estou apaixonada, desejando e querendo com o mesmo afinco, existem momentos em que chego a acreditar que simplesmente passou! Já na manhã seguinte, o ar parece denso, pesado... é difícil respirar! Com o passar das horas, essa angústia beira o desespero. Meu coração só se acalma ao ouvir o som de uma voz, aquela voz... a única capaz de aquietar meus sentidos, que me trás paz, me deixa feliz. Acho que a maioria das pessoas sente assim, apenas não admite. Talvez por medo de magoar, decepcionar...talvez porque não saiba que isso é comum, normal e aceitável. Muitas vezes, acabam forçando um encontro, um abraço, um beijo, respondendo: "Eu Também Te Amo", sem sentir! Se acostumam a atuar, traindo a si mesmos, confundindo sentimentos e desestabelecendo relações. Quantos namoros já não terminaram de maneiras extremas, com brigas, mentiras e traições? Por que insistimos em prolongar algo que já não nos satisfaz? Ter carinho e gostar de estar perto nem sempre são suficientes... é preciso mais, é preciso querer! Por muitas vezes atuei, tive medo de ficar sozinha e me arrepender. Por muito tempo fiz com que o mesmo se perdesse. Agindo assim, com que intensidade arrisquei jogar pro alto, todos os momentos reais e sinceros que vivi? Esses questionamentos já borbulharam em minha consciência e apesar da tristeza por ter sido tola e não obedecido aos meus instintos, hoje sei que valeu a pena, pois posso dizer que agora tenho as respostas. *Relutei por muito tempo e me neguei a ouvir, mas nos últimos minutos do segundo tempo, tive um "insight", e com uma coragem sem sentido fiz o que deveria... o que não podia imaginar era que outra pessoa já estivesse ouvindo a si mesma há anos! Ah, quanta ingenuidade a minha... Como pude pensar que estivesse errado? Que sua maneira de agir é que me deixava insegura e assim, me fazia sofrer? Como pude usar "isso" como justificativa pra tantos erros? Como fui capaz de ignorar tudo de maravilhoso que passamos e questionar o "inquestionável": Que de fato me amasse. Pois é, fiz tudo isso, mas apendi... e tenho certeza que não foi sozinha. A gente erra e aprende, acerta e é feliz! Uma hora está por "cima", outra por "baixo"... são os altos e baixos! E é nesse gráfico inconstante que vou escrevendo a minha história. "Cada um de nós entrou nessa vida por motivos acima do nosso conhecimento pessoal, não somente para o crescimento da alma, mas também para ajudar a humanidade a evoluir." Então, vamos?